Filho mais velho lembra paixão do pai pelo níquel
A paixão de Nathalino Ruy por moedas traz inúmeras lembranças divertidas para o mais velho dos três filhos, o empresário Silvio Ruy, 56 anos. “Era sempre festa onde ele estava. A gente derrama lágrimas de alegria e saudade”, diz.
Os dois trabalhavam juntos na empresa de instalação de toldos da família e compartilhavam o dia a dia. Certa vez, na estrada, seu Nathalino viu a oportunidade de conseguir mais moedinhas de R$ 0,01, algumas de suas preferidas, ao se aproximar das cabines de pedágio. “Ele insistiu para eu pedir. Dava até vergonha. ‘Ô, pai, são eles que precisam de moeda’, eu disse para ele”, conta Silvio.
Em uma visita à cidade de Olímpia (438 km de SP), o campineiro que vivia em Jundiaí desde novo decidiu ampliar a sua coleção justamente com aquelas moedas cunhadas para celebrar o ciclo olímpico no Brasil. “Um rapaz apareceu com uma e ele disse que pagaria R$ 2 para cada de R$ 1 que trouxesse. Não sei onde o cara arrumou tanta, mas apareceu com 100! Tivemos que pagar R$ 200! O velho era uma figura”, conta.
Numa viagem de Silvio para os Estados Unidos, uma das missões era conseguir moedas de US$ 1. O filho voltou com três e mostrou feliz para o pai, que não ficou satisfeito. “Ele ainda me puxou a orelha, perguntando porque tinha conseguido só aquelas”, diz.
Com tanta convivência, o gosto pelas coleções foi herdado pelo primogênito, que guarda cédulas em papel. “Além de pai, ele era parceiro, irmão, confidente”, afirma Silvio.
Caçula dos cinco netos de Nathalino, Letícia Mantovani Ruy, 12 anos, conta que a relação com o avô foi muito rica, para além dos potinhos. Segundo ela, um verdadeiro aprendizado para toda a vida foi construído. “Ele sempre mostrava para a gente e aproveitava para falar sobre a história, qual delas valia mais”, conta.
Onde muita gente enxerga só metal ou dinheiro, Letícia consegue notar muito mais. “Só de ver as moedas já me lembro de cada momento que passamos juntos”, afirma. (WC)