Dono do meio campo da Itália, Jorginho busca consagração U
Brasileiro saiu cedo de Imbituba, no interior de Santa Catarina, e hoje é destaque na Eurocopa
Aos finais de semana, quando morava em um convento em Verona, Jorginho sentia-se só. Os outros meninos, italianos, iam para casa ficar com suas famílias. O ítalo-brasileiro, no entanto, tinha deixado Imbituba, pequeno município de Santa Catarina, com somente 40 mil habitantes, para se tornar jogador profissional.
Naquele distante 2007, ainda que sonhasse com o sucesso ao colocar a cabeça no travesseiro e treinasse até nos intervalos, Jorginho —hoje com 29 anos— não imaginava viver uma final de Liga dos Campeões seguida de uma decisão de Eurocopa. A realidade ultrapassará o sonho neste domingo (11), quando a Itália enfrentará a Inglaterra às 16h (de Brasília), no estádio de Wembley, em Londres (ING), com transmissão da Globo e Sportv.
“Eu morri de saudades quando vi o Jorginho indo atrás desse sonho. Ele foi muito corajoso. Eu trabalhava como faxineira naquela época, e ele me pediu um pouco de dinheiro para ajudar ele a se manter lá. Eu não tinha. Cortou meu coração negar isso a ele, mas eu sabia que ele iria vencer. Meu filho jogava descalço aqui em Imbituba e nunca se esqueceu disso”, conta a mãe, Maria Tereza.
Para aplacar a saudade, o menino que recebia cerca de 20 euros por semana comprava cartões telefônicos, encontrava um horário bom no Brasil e na Itália e gastava as economias atualizando a família de como tinham sido os últimos dias.
Jorge, o pai de Jorginho, também sofria com a ausência do “menino magrinho”. Ele conta que chorava de um lado e ouvia o filho chorando do outro, mas que sempre deu as direções para ele seguir o sonho. Se algo desse errado, dizia que ele poderia procurar o consulado brasileiro na Itália para enviá-lo de volta ao país. “Iria buscá-lo em qualquer lugar”, lembra.
“Jorginho é muito forte. Dos 13 aos 16, ele comia a mesma coisa nos três horários, vivia de banho frio e longe da família. Quando ele ficava desanimado, eu fazia ele sempre olhar para frente, para onde queria chegar.”
Jorge, que chegou à Europa em março para assistir à reta final dos jogos do
Quando ele ficava desanimado, eu fazia ele sempre olhar para frente, para onde queria chegar Jorge, pai do meio campo Jorginho
filho, pediu para ficar mais tempo. Estava em Portugal no título da Liga dos Campeões e estará em Wembley para assistir à final da Eurocopa. Nos jogos, o nervosismo bateu em vários momentos, especialmente nas cobranças de pênalti contra a Espanha. A tranquilidade só veio quando Jorge viu Jorginho pegar a bola para bater o último. “Estamos classificados”, pensou.
A solidão, é claro, não acompanhou Jorginho por muito tempo. O goleiro Rafael, que no momento está sem clube, apadrinhou os meninos brasileiros que moravam no convento. Dez anos mais velho, era Rafael quem dava as caronas ou convidava eles para irem comer um churrasco brasileiro, jogar boliche, conversar um pouco. Era a forma de passar um pouco de conforto aos que tinham deixado a própria casa tão cedo.
A temporada de Jorginho pode credenciá-lo ao prêmio de melhor do mundo. Um dos líderes do Chelsea na conquista da Liga dos Campeões em cima do