Pandemia empurrou 118 milhões de pessoas para a fome
Cerca de 118 milhões de pessoas em todo o mundo começaram a passar fome em 2020, segundo o mais recente relatório da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), publicado nesta segunda-feira (12).
Segundo o estudo, entre 720 milhões e 811 milhões de pessoas passaram fome em 2020, cerca de 118 milhões a mais do que os números de 2019.
“Estamos falhando em prover direitos fundamentais a pessoas em todo o mundo”, disse o secretário-geral da ONU, o português António Guterres. “Apesar de um aumento de 300% na produção mundial de comida desde os anos 1960, a desnutrição é um fator fundamental para reduzir a expectativa de vida. É preciso mudar o sistema de produção de alimentos. Isso limitará os impactos da pandemia e começará uma mudança em direção a um mundo mais seguro, mais justo e mais sustentável.”
O relatório atual traz essa margem entre 720 milhões e 811 milhões porque a coleta de dados foi feita por telefone devido as restrições de deslocamento. Assim, os números são menos precisos, de acordo com os autores do relatório.
Segundo o estudo, o vírus pode ter atrasado em 15 anos o combate à fome, já que o total de pessoas subnutridas em 2020 se aproxima dos 810 milhões registrados em 2005.
Proporcionalmente, o número representa quase 10% da população mundial, mas a fome não atinge o planeta de forma igual. A Ásia, por exemplo, é a região com o maior número de pessoas com subnutrição, 418 milhões. Mas como é o continente mais populoso, a fome atinge apenas 9% da população da região.
Em relação ao tamanho da população, a situação é mais grave no continente africano, onde 21% dos habitantes registraram subnutrição em 2020, aumento em relação aos 18% vistos no ano anterior.
“A Covid-19 é só a ponta do iceberg. Mais alarmante é que a pandemia expôs as vulnerabilidades provocadas nos nossos sistemas alimentares nos últimos anos”, dizem os autores do estudo. (Folha)