Passeio de carro conta história de lugares assombrados de São Paulo
Roteiro ocorre nos próximos três sábados de julho e passa por pontos como o edif ício Joelma e a praça da Sé
Passear de carro pelo centro de São Paulo sendo guiado por um fantasma é mais um dos passeios que precisaram se adaptar na cidade por causa da pandemia. A ideia do passeio parecer estranha, mas, depois de um ano e meio dentro de casa, qualquer coisa parece mais interessante que ver TV ou Netflix.
Antes da pandemia, o roteiro era chamado de SP Haunted Tour e promovia saídas por pontos considerados mal assombrados. Àquela altura, os interessados eram levados dentro de um ônibus com atores fantasiados e maquiados como personagens aterrorizantes.
Mas tudo mudou, e a solução encontrada por Rogério Cantoni, idealizador do circuito, foi adaptá-lo e fazer um tour de carros, em que as pessoas dirigem os próprios veículos e não geram aglomeração com desconhecidos. Com isso, a atração foi batizada de Siga o Fantasma.
O novo passeio pode afastar aqueles que não têm um carro, é verdade. Mas para quem tem veículo, o tour pode ser uma boa pedida para o fim de semana e um jeito de conhecer mais sobre São Paulo.
Depois de agendar a data do passeio via Whatsapp, os interessados recebem as orientações para fazer o download do aplicativo do roteiro, que serve como comunicação com o fantasma Angelo, o anfitrião da peregrinação realizada em comboio.
No dia do passeio, é recomendado chegar com 30 minutos de antecedência ao ponto de encontro, localizado em uma rua em frente ao cemitério da Consolação.
O fantasma é, na verdade, um personagem interpretado pelo criador do passeio, Cantoni. Com peruca branca, lente de contato roxa nos olhos, roupas bufantes e um lampião nas mãos, ele dá as boas-vindas aos motoristas e passageiros.
Depois da recepção, ele entra em seu próprio carro e dá início ao comboio. Cada carro recebe nomes espirituosos, como Alma Penada.
Mistérios da cidade
Logo após a partida e com o aplicativo sincronizado, uma voz fantasmagórica emana pelo som e começa a contar detalhes sobre os enterrados no cemitério da Consolação, além de curiosidades a respeito do mausoléu da família Matarazzo.
O passeio passa por locais como o Theatro Municipal, onde, por exemplo, é relembrado o dia da abertura, em 1911, e as lendas sobre alguns espíritos serem ouvidos nas coxias até hoje pelos funcionários.
O passeio também passa por espaços não tão conhecidos, como o prédio que abrigou, nos anos 1930, o restaurante chinês Órion, que foi palco de um misterioso assassinato.
Em alguns dos locais, é possível encostar o carro para absorver as histórias que são contadas. É o caso da Casa de Dona Yayá, mulher que vivia na alta sociedade paulistana e foi mantida reclusa em sua residência, no bairro do Bexiga, entre os anos 1920 até sua morte, em 1961.
Outros pontos só são vistos de longe, como os antigos edifícios Joelma e Andraus, palcos de incêndios nos anos 1970. O comboio passa pela praça da Sé também.
O passeio ainda esmiúça questões históricas que costumam passar batidas —caso da Liberdade, hoje tomado pela cultura oriental, mas que foi palco do enforcamento de escravos e tem um importante passado negro.
Ao todo, são cerca de 15 endereços, vistos em em duas horas. Caso o carro acabe se perdendo do veículo do fantasma, basta avisar o personagem pelo celular que ele dá um jeito de resgatar quem se desviou.
SIGA O FANTASMA
Aos sábados: 17, 24 e 31/7; de R$ 180 (duas pessoas) a R$ 325 (cinco pessoas); reservas pelo Whatsaapp: (11) 95651-2412.