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Tóquio vê greve de fome e protestos

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TÓQUIO A estação Sendagaya do metrô é a mais próxima do Estádio Olímpico de Tóquio, local da abertura da Olimpíada, no dia 23 de julho.

Com a pandemia da Covid-19 e o anúncio da proibição de público, feito na semana passada pelo comitê organizado­r, a região da arena, que deveria estar cheia de turistas e moradores curiosos, tinha pouca gente nesta sexta-feira (16). Quem não ficou em silêncio, protestou.

“Eu quero que as autoridade­s francesas e europeias tomem medidas concretas de represália ao Japão. Ou que eu tenha meus filhos de volta. Vou até o fim. Se isso significar a morte, que assim seja”, diz o francês Vincent Fichot ao perceber à distância a presença da reportagem, identifica­da.

Jogado em um colchonete a poucos metros do estádio e de um posto policial, Fichot, 39 anos, iniciou no último dia 10 uma greve de fome. Cercado por alguns amigos, ele fica na região 24 horas por dia. Consome apenas líquidos, doados por transeunte­s.

Em uma bandeira ao lado dele está impressa a data de 10 de agosto de 2018. É quando teve contato pela última vez com os filhos Tsubasa, 6, e Kaede, 4. Fichot afirma que a mãe os levou para um local desconheci­do.

Segundo o francês, nas quatro vezes em que foi à polícia, ouviu que se a mãe estava com as crianças, não se tratava de rapto. Mas se o pai fosse atrás delas e as tirasse da casa onde estavam, seria processado por isso.

Eles não eram os únicos a reclamar. Por volta das 13h, membros do Partido Comunista Japonês estenderam faixas e, com alto falante em punho, discursara­m contra a realização da Olimpíada no país e lembraram do recrudesci­mento da pandemia de coronavíru­s.

Uma das frases versava sobre o aumento de casos enquanto o país deverá receber “70 mil pessoas” para o megaevento. O cartaz continha os slogans estampados: “Vidas importam mais do que Olimpíada” e “Parem os Jogos Olímpicos!”.

Nesta primeira quinzena de julho, a capital japonesa amarga aumento de infectados. Na quarta (14), a cidade havia registrado 1.149 novos casos e, nesta sexta (16), foram 1.308. (Folha)

 ?? Alex Sabino/folhapress ?? Vincent Fichot (à esq.), que faz greve de fome perto do estádio, e o amigo Daniel Popovsky
Alex Sabino/folhapress Vincent Fichot (à esq.), que faz greve de fome perto do estádio, e o amigo Daniel Popovsky

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