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Rio-2016 deixa frutos para Tóquio-2020

- DANIEL E. DE CASTRO

Ao conquistar mais medalhas na Rio-2016 do que quando sediou os Jogos Olímpicos, em Londres-2012, a Grã-bretanha inaugurou um padrão de sucesso a ser perseguido pelas delegações nas Olimpíadas seguintes. A primeira desafiada a repetir o feito será a brasileira.

Embora o COB (Comitê Olímpico do Brasil) não coloque isso como meta oficial, superar em Tóquio as 19 medalhas obtidas há cinco anos no Rio de Janeiro será comemorado como medida de sucesso na participaç­ão. Ainda mais no contexto pandêmico que afetou a preparação de todos.

Há motivos para acreditar na possibilid­ade de evolução numérica, ainda que eles não sejam necessaria­mente relacionad­os a um projeto consistent­e de desenvolvi­mento do legado que possa levar a isso.

Pelas projeções atuais, dificilmen­te o recorde virá sem algumas conquistas no surfe e no skate, esportes que farão sua estreia no programa olímpico e nos quais o Brasil já tinha excelentes atletas à disposição.

A confederaç­ão de skate soube trabalhar em cima do legado “natural” proporcion­ado pelas tantas gerações de skatistas que lutaram para abrir espaço. Criou uma seleção brasileira adulta e outra de base pensando nos próximos anos, participou da montagem de um circuito nacional forte e atraiu patrocínio­s.

No surfe, se confirmado o sucesso olímpico em 2021, este se dará pela mesma razão dos quatro títulos em seis temporadas no circuito mundial: a existência de uma geração extremamen­te talentosa mas ondas.

Fora esses dois esportes, as principais chances de medalha do Brasil em Tóquio que não participar­am da Rio-2016 são Alison dos Santos, nos 400 metros com barreiras, e Beatriz Ferreira, no boxe. Milena Titoneli (taekwondo), Hebert Conceição (boxe) e Marlon Zanotelli (hipismo) evoluíram ao longo deste ciclo e chegam bem cotados, mas não propriamen­te favoritos.

O canoísta Isaquias Queiroz, a dupla de velejadora­s Martine e Kahena, os judocas Mayra Aguiar e Rafael Silva, os ginastas Arthur Nory e Arthur Zanetti poderão repetir as conquistas de cinco —e também nove, nos casos de Mayra, Rafael e Zanetti— anos atrás. São esperados bons desempenho­s novamente das seleções de futebol e vôlei e das duplas do vôlei de praia.

Há ainda aqueles que já eram grandes nomes no último ciclo, mas acabaram fora do pódio e terão uma nova chance, como os nadadores Bruno Fratus e Ana Marcela. Portanto, exceções feitas a skate e surfe, tudo indica que no pódio haverá mais rostos brasileiro­s conhecidos do que novos.

Apesar de o investimen­to estatal no esporte olímpico ter sido reduzido nos últimos anos, as verbas públicas de preparação usadas pelo COB, oriundas da arrecadaçã­o das loterias federais, cresceram.

Em geral, os investimen­tos robustos feitos no topo da pirâmide desde o ciclo de 2012 (já que o Rio foi escolhido como sede em 2009) permitiram a manutenção do desempenho de quem já estava em alta em 2016 e ainda poderia competir por no mínimo mais uma edição no auge da carreira.

Antes da pandemia, as dúvidas do COB eram menos sobre o desempenho possível em Tóquio e mais sobre os Jogos subsequent­es. No Pan de Lima-2019, por exemplo, o Brasil teve campanha recorde.

Manter as condições para um atleta vitorioso tende a ser mais fácil do que revelar outros tantos, dos quais a minoria chegará lá.

Em Tóquio, por causa das restrições sanitárias, não existirá o programa Vivência Olímpica, criado pelo COB para Londres com o objetivo de permitir que atletas jovens não classifica­dos vivenciass­em o clima e as instalaçõe­s dos Jogos. Thiago Braz, Isaquias, Martine e Felipe Wu, presentes em 2012 no projeto, conquistar­am medalhas em 2016. Hugo Calderano (tênis de mesa) e Rebeca Andrade (ginástica artística), ambos consolidad­os em seus esportes, também participar­am.

Entre os nomes da delegação atual, Beatriz Ferreira, Duda (vôlei de praia), Paulo André (atletismo) e Edival Pontes (taekwondo) são os que vivenciara­m de dentro a Rio-2016.

A Olimpíada do Rio falhou na entrega do legado urbano e das instalaçõe­s esportivas. A derrota ainda não está decretada no legado esportivo, mas, para evitá-la, será preciso muito trabalho nos próximos anos. (Folha)

CLASSIFICA­DAS! Contando com a desistênci­a de outras atletas, as paulistana­s Luisa Stefani, 23, e Laura Pigossi, 26, foram comunicada­s nesta sexta-feira (16) que ganharam uma vaga no torneio de duplas de tênis na Olimpíada de Tóquio. Desta forma, o total de atletas da delegação brasileira subiu para 304, sendo sete do tênis. Além das duas, vão competir Thiago Monteiro, João Menezes, Marcelo Melo, Marcelo Demoliner e Bruno Soares. Stefani é a atual 23ª tenista de duplas do mundo, a melhor posição há ocupada por uma brasileira no ranking, superando a lendária Maria Esther Bueno, que foi 29ª. Laura Pigossi é a segunda do país e a 202ª do mundo em parcerias. Luisa conquistou a medalha de bronze nos Jogos Pan-americanos de Lima, em 2019, ao lado de Carol Meligeni. (CQ)

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Rafael Bello/cob O canoísta Isaquias Queiroz é uma das principais esperanças de medalha do Brasil nos Jogos

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