O serviço não se interrompe
Rubi. Esmeralda. Turquesa. Pedras preciosas? Não. A realidade é outra. Linhas de trem paradas na cidade.
Aldeína suspirou.
—Logo hoje.
Ela tinha arranjado um serviço de doméstica.
—E já começo atrasada. O celular estava sem sinal. —Não vou nem conseguir avisar o dr. Doroteu.
O ancião morava sozinho em Higienópolis.
—Limpeza, cozinha… ele não tem ninguém.
Graves problemas de saúde. —Não sai de casa desde 2011. O celular voltou a funcionar. —Alô… é o dr. Doroteu? —Hã? O quê? Quem? A comunicação estava difícil.
—Bom. Seja o que Deus quiser.
Aldeína só chegou em Higienópolis perto do meio-dia. —Preparada para a bronca. Ela tocou a campainha da porta de serviço.
Silêncio total.
O zelador José Carlos providenciou a chave.
O dr. Doroteu dormia serenamente.
—Olha só… acho que veio uma enfermeira aqui faz um tempinho.
—Ué. Não era eu quem ia fazer o serviço?
Estavam abertas as gavetas do quarto.
Limpeza completa. José Carlos coçou a cabeça.
—Disseram que era vacinação a domicílio.
Relógio de ouro. Anel de rubi.
A vacinação, como um trem, atrasa.
Já a ladroeira começa antes da picada.