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Com poucas injustiças, maior disputa no Emmy se dá entre minissérie­s

Indicações ao prêmio da TV americana foram divulgadas nesta semana; confira algumas apostas

- TONY GOES

ANÁLISE

A Academia de Televisão dos Estados Unidos, cujos associados votam nos prêmios Emmy, é conhecida pelo conservado­rismo. Durante muitas décadas, a mais importante premiação da TV americana favoreceu grandes sucessos de audiência, em detrimento de programas de maior qualidade. Também era comum que um mesmo ator fosse agraciado pelo mesmo papel durante anos a fio, enquanto sua série estivesse no ar.

Em alguma medida, tudo isso ainda acontece, mas nos últimos tempos o gosto da Academia vem se alinhando ao da crítica. A maior razão é o avanço da TV paga e das plataforma­s de streaming, cujas produções costumam ser mais ousadas —e mais “de nicho”— do que as da TV aberta. Simplesmen­te não deu para ignorar títulos como “Família Soprano”, “Mad Men” ou “Breaking Bad”, que mudaram o curso da história da TV.

Algumas mudanças nas regras também influencia­ram os resultados. Antigament­e, cada categoria podia ter até cinco indicados. Hoje algumas podem chegar a oito, o que reduziu o número de injustiçad­os. Mas o aumento de concorrent­es também deixou as corridas mais disputadas.

A tendência se acirrou em 2021. A lista de indicados ao Emmy, divulgada na terça (13), traz inúmeros programas novos, ainda em suas primeiras temporadas.

Algumas barbadas já se impõem. Entre as comédias, deve vencer “Ted Lasso”, da Apple TV+, e também seu ator principal, Jason Sudeikis, que interpreta um técnico de futebol americano contratado para treinar um time de futebol tradiciona­l em Londres. A veterana Jean Smart, da ótima “Hacks” (HBO Max), deve vencer entre as atrizes cômicas.

Entre os dramas, as apostas se concentram em duas séries bem conhecidas: “The Crown”, da Netflix, e “The Handmaid’s Tale”, da plataforma Hulu, disponível no Brasil no Paramount+, no Globoplay e no UOL Play.

Meu palpite vai para a primeira, por ser uma produção suntuosa eivada de bons atores e que, apesar de sempre ser indicada, nunca venceu como série dramática (“The Handmaid’s Tale” ganhou logo por sua primeira temporada, em 2018).

É entre as minissérie­s que se dá a disputa mais emocionant­e. Alguns críticos já perceberam que o nível delas está, de modo geral, bem mais alto do que o das séries com várias temporadas. Talvez porque, com um número limitado de episódios, boas histórias possam ser contadas sem enrolação.

Todas as cinco indicadas são boas: “Mare of Easttown” (HBO), “I May Destroy You” (HBO), “Wandavisio­n” (Disney+), “The Undergroun­d Railroad” (Amazon Prime Video) e “O Gambito da Rainha”, um dos programas da Netflix mais assistidos de todos os tempos.

Meu coração se divide entre “Wandavisio­n”, que presta homenagem às sitcoms antigas, e “I May

Destroy You”, que começa em tom de comédia e se torna um contundent­e libelo contra o assédio sexual.

Há pelo menos duas omissões gritantes nesta lista: “Halston” (Netflix) e “Small Axe” (BBC). Sem falar em “O Paraíso e a Serpente” (Netflix). Faltou lobby, talvez?

O fato é que é impossível que uma premiação dessas não cometa alguma injustiça. As omissões do Emmy deste ano até que foram poucas, e os indicados refletem, de modo geral, o melhor da TV produzida em inglês nos últimos 12 meses. Agora é torcer pelo seu favorito.

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Divulgação Cena da minissérie ‘Wandavisio­n’ (Disney+), que presta homenagem às sitcoms antigas e ganhou o coração deste colunista; mas todas as cinco indicadas da categoria são boas

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