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DESTAQUE DO DIA Delta impossibil­ita a imunidade de rebanho, afirmam cientistas

Vacinação ampla continua sendo arma fundamenta­l contra Covid, segundo os pesquisado­res

- ANA ESTELA DE SOUSA PINTO

BRUXELAS Quem esperava ser protegido da Covid-19 pela imunidade coletiva pode esquecer e tomar logo sua vacina, afirmam especialis­tas de algumas das principais universida­des europeias, com base nos dados disponívei­s até agora.

A variante delta, duas vezes mais contagiosa que o Sars-cov-2 original, enterrou (ao menos por enquanto) as chances da chamada imunidade de rebanho —aquela em que o número de pessoas protegidas contra infecção é grande o suficiente para conter a circulação do vírus.

Quando os primeiros casos de Covid surgiram, cientistas calcularam que essa imunidade coletiva poderia ocorrer quando cerca de 70% de uma população estivesse protegida.

“Mas essa sempre foi uma aproximaçã­o, presumindo muitas coisas e ignorando outras mais”, diz Samir Bhatt, professor da escola de saúde pública do Imperial College de Londres.

A porcentage­m deriva de dados como a proteção fornecida pela vacina contra a infecção (diferente da eficácia contra doença grave e morte) e a capacidade intrínseca de propagação do vírus, ambos ainda não totalmente conhecidos ou em transforma­ção.

Outro fator de imprecisão é que a transmissã­o varia fortemente de acordo com o comportame­nto humano: o vírus circula mais se as pessoas se encontram mais, por mais tempo e com menos barreiras —e essa variável também está em constante mudança.

“A chegada da delta foi realmente uma virada de jogo”, diz o virologist­a Jeroen van der Hilst, professor de imunopatol­ogia da Universida­de de Hasselt (Bélgica).

Além de o mutante ser muito mais contagioso, os dados indicam que pessoas vacinadas podem ser infectados e infectar outros, diz ele. “Isso significa que o vírus pode circular em uma comunidade com um grande número de pessoas vacinadas. Com essa noção, temos que concluir que a imunidade de rebanho não é mais possível.” (Folha)

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Zanone Fraissat 4.ago.21/folhapress Aglomeraçã­o de pessoas na ladeira Porto Geral, na região central de São Paulo; variante delta do coronavíru­s é mais transmissí­vel

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