Agora

Poderes buscam diálogo, mas Bolsonaro resiste

Judiciário, Legislativ­o e Executivo conversam para tentar harmonizar relação

- JULIA CHAIB RENATO MACHADO WASHINGTON LUIZ

BRASÍLIA Congressis­tas e integrante­s do governo e do Judiciário costuram medidas que podem ser tomadas na prática para distension­ar o clima entre os Poderes e abrir o diálogo entre Jair Bolsonaro e o STF (Supremo Tribunal Federal).

Na quarta (18), o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), pediu em reunião com Luiz Fux, presidente do Supremo, que chame novamente os chefes dos Poderes para um encontro.

O STF, porém, resiste e espera antes que Bolsonaro mande sinais de que quer melhorar a relação. Para arrefecer a tensão, um dos gestos seria justamente abrir mão de pedir o impeachmen­t dos ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso.

Auxiliares do presidente afirmam que ele já desistiu da ideia de entregar pessoalmen­te a peça. Agora, o desafio é convencê-lo a pelo menos delegar a outra pessoa ou instituiçã­o — fora do Congresso— a tarefa de pedir o afastament­o dos magistrado­s.

Após seguidos ataques a ministros do Supremo em entrevista­s e transmissõ­es anteriores, Bolsonaro evitou confronto com a corte e não fez menção a Barroso e a Moraes na noite desta quinta (19) em sua live semanal.

Assessores diziam acreditar que ele desistiria da empreitada de pedir o afastament­o dos dois ministros do STF, mas o próprio presidente não deu essa demonstraç­ão a ninguém.

A expectativ­a de integrante­s do governo é que, pelo lado do Judiciário, ministros se disponham a negociar novos gestos que signifique­m aumento na transparên­cia das urnas eletrônica­s. Seria uma compensaçã­o à derrota da PEC do voto impresso na Câmara.

Apesar da rejeição das matérias, as redes sociais bolsonaris­tas ainda insistem no tema, dizem aliados de Bolsonaro. E afirmam que isso vai ficar claro no protesto organizado para 7 de setembro.

Nesta quinta, em um aceno a Bolsonaro e ao Judiciário, Pacheco deu início aos trâmites das indicações de André Mendonça para o STF e da recondução de Augusto Aras para mais dois anos à frente da PGR. A sabatina de Aras está marcada para a próxima terça-feira (24). (Folha)

Ex-presidente da Câmara, o deputado Rodrigo Maia (sem partido - RJ), 51 anos, assumirá o cargo de secretário de Projetos e Ações Estratégic­as na gestão de João Doria (PSDB) no Governo de São Paulo.

Doria é pré-candidato à Presidênci­a da República em 2022, disputa as prévias nacionais do PSDB e tem em Maia um nome que circula bem nos campos político e econômico.

A nomeação faz parte do movimento político de Doria para consolidar sua candidatur­a —ambos defendem a chamada terceira via em 2022. Mais do que coordenar projetos, esperase que Maia agregue apoio de nomes nacionais da política a Doria.

Doria tem dispensado nomes técnicos para somar políticos no secretaria­do e melhorar a relação com parlamenta­res, prefeitos e líderes partidário­s.

Presidente do PSDB de São Paulo e secretário de Desenvolvi­mento Regional do governo Doria, Marco Vinholi diz não haver um olhar político na nomeação.

“A vinda de Rodrigo Maia traz grande ganho de gestão. Não é um olhar mais político, mas sim a experiênci­a de um dos homens públicos mais preparados da Câmara Federal agregando ao governo”, diz.

O movimento também pode aproximar Maia de uma filiação ao PSDB, depois de flertes com PSD e MDB. (Folha)

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Isac Nóbrega/divulgação O presidente Jair Bolsonaro cumpriment­a apoiadores na chegada a Cuiabá nesta quinta

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