Aos 77, Tonha quer dirigir ‘até o fim da vida’ Autoescolas podem criar novos serviços Proporção de idosos deve aumentar
Motorista há mais de 40 anos, a maior parte dele dirigindo Fuscas, Antonia Satio da Silva, 77, não pretende parar tão cedo.
“Eu gosto de ir para o mercado, fazer compras, ir à feira. Não paro e nem vou parar”, diz Tonha, como é conhecida por amigos e familiares na zona leste.
Ela conta que está nervosa. O motivo? Sua CNH venceu há dois anos e ela não conseguiu renovar pelos canais digitais, já que suas impressões digitais “estão gastas” pela idade, segundo diz. “Mesmo assim, dou umas escapadinhas de carro e minhas filhas ficam bravas comigo”, diz, rindo.
Outro motivo que adiou a renovação da CNH está no sorriso. Ela aguarda a colocação da nova prótese dentária para poder ir presencialmente ao Detran regularizar a CNH e assim continuar dirigindo seu Corsa manual, que lhe acompanha há mais de 20 anos. “O volante é duro, mas estou muito feliz com ele”, afirma.
Nem todo mundo gosta de dirigir como Tonha. É o caso de Rosemary Sant’anna, 61. “Eu não gosto de dirigir devido ao trânsito. É muito congestionamento. Eu uso por necessidade.” Ela tirou sua primeira habilitação há 30 anos, a conselho da mãe. “Ela dizia que eu ia precisar devido aos filhos. E ela estava certa”, diz. (CF)
Para Magnelson Carlos de Souza, 59 anos, presidente da Sindautoescola-sp, a presença de pessoas com mais idade no trânsito pode reverter em oportunidades.
Entre essas oportunidades ele cita a criação de novos serviços, tais como aulas específicas para carros automáticos e aulas para quem está há muito tempo sem dirigir e resolveu voltar.
“A legislação não permite que você prepare, na formação, o aluno com um veículo automático. E sabemos que pessoas com mais idade preferem justamente os carros automáticos.” (CF)
Segundo Carlos Eugênio Ferreira, demógrafo da Fundação Seade, o processo de envelhecimento da população é um fenômeno que se observa há mais de duas décadas. “A proporção de pessoas idosas vem aumentando devido à redução de pessoas jovens. E a população com mais de 60 anos está vivendo mais”, explica.
“Do ponto de vista demográfico é natural [mais pessoas venham a renovar a CNH]. É de se esperar isso sim, assim como é de se esperar que isso se reflita em todas as atividades da sociedade”, afirmou. (CF)