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Pistas de skate na periferia de SP estão longe de uma medalha

Praticante­s do esporte que fez sucesso nas Olimpíadas reclamam das más condições dos espaços

- PAULO EDUARDO DIAS

O bom desempenho do skate brasileiro nas Olimpíadas de Tóquio, no Japão, jogou holofote em um esporte bastante praticado nas periferias de São Paulo, local onde é comum encontrar pistas destinadas à categoria. No entanto, ao ouvir os praticante­s, é possível compreende­r que as perfeitas pistas percorrida­s pelos medalhista­s de prata Rayssa Leal, Pedro Barros e Kelvin Hoefler são algo bem distante do encontrado nos bairros da capital.

O grosso das queixas são as condições dos espaços públicos, com rachaduras, falhas técnicas na construção e iluminação deficitári­a.

Uma das pistas em que há mais queixas do que elogios é o espaço localizado na praça dos Palmares, no Jardim Celeste (zona sul). Na tarde de terça-feira (17), o designer gráfico João Paulo Mazzuca, 33, descansava de algumas manobras quando relatou a situação do local. Ele, que pratica o esporte desde os oitos anos de idade e é morador de um bairro vizinho, frequenta o espaço todos os dias na parte da manhã e final de tarde.

“A maioria das pistas de bairro não tem um projeto bem estruturad­o. Falta iluminação. É complicado, tem que se virar. Tem que ser pedreiro”, afirma.

Segundo Mazzuca, ele e outros esportista­s que frequentam a pista do Jardim Celeste usam massa plástica para tapar rachaduras.

Mazzuca apontou uma situação incomum, ocorrida logo após Rayssa Leal, 13, obter o segundo lugar na modalidade street em Tóquio. “No que dia que a Rayssa ganhou, me deram até bom dia no prédio. Todo dia que saio com o skate nem olham na minha cara.”

O funcionári­o público Marcelo Pereira Martins, 46, diz que tira dinheiro do próprio bolso para deixar a pista do Jardim Celeste em condições de uso. “A gente tapa os buracos. A gente que cuida. A gente que gasta. Os skatistas que vão fazendo. Um consegue cimento o outro, tijolo. Nós que fazemos as reformas.”

Se na zona sul os problemas deixam os skatistas aborrecido­s, em outra pista, a localizada na praça Flávio Rangel, na Vila Albertina (zona norte), os praticante­s não tecem muitas críticas ao piso, afirmando que está em boas condições. No entanto, a iluminação de lâmpadas amarelas, de acordo com eles, deixa o local escuro ao cair da tarde, tornando a área verde insegura.

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