Sem trégua
Crescem as tensões em torno dos atos ligados ao Dia da Independência, em razão dos movimentos de bolsonaristas.
É alarmante o caso do coronel Aleksandro Lacerda, líder de sete batalhões da PM paulista que atropelou os limites da função para convocar pessoas às ruas, como noticiou O Estado de S. Paulo.
O comportamento inadmissível, que justificou seu afastamento imediato por ordem do governador João Doria (PSDB), reforça os temores de politização das forças de segurança, sob conhecida influência de Jair Bolsonaro.
Na sexta-feira (20), a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão nos endereços do deputado Otoni de Paula (PSC-RJ) e do músico Sérgio Reis. O cantor fizera ameaças ao Supremo Tribunal Federal: “Se em 30 dias não tirarem os caras, nós vamos invadir, quebrar tudo e tirar os caras na marra”.
È difícil precisar se a declaração é só uma bobagem —protegida pela liberdade de expressão— ou se representa de fato uma incitação. Com ruralistas e caminhoneiros, Reis planejava um ato em apoio ao presidente e ao voto impresso.
Cumpre notar que a ação da PF foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, a partir de um pedido da Procuradoria-geral da República.
Já o mundo político hesita em uma resposta mais dura ao bolsonarismo. Ainda não está claro como o Senado vai lidar com a indicação de André Mendonça ao Supremo; o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), indicou que pretende dar nova chance a um encontro entre os chefes dos Poderes.
Reunidos nesta segunda (23), os governadores também defenderam entendimento para superar a crise. Acredite quem quiser em diálogo com Bolsonaro.