Agora

O fracasso Bolsonaro

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Decorridos dois terços do governo Jair Bolsonaro, o saldo é um fracasso inegável e, tudo indica, irreversív­el. Não se vê em Brasília pensamento, liderança ou disposição para que o país chegue ao final de 2022 em condições melhores que as herdadas pelo presidente.

O principal feito do período, a reforma da Previdênci­a, deveu-se muito mais à iniciativa do Congresso. Seus primeiros efeitos benéficos para as finanças públicas e a economia, de todo modo, foram anulados pelos gastos com a Covid-19.

A atividade —indústria, serviços, consumo, investimen­to— mal se recupera da derrocada pandêmica. Desemprego e pobreza voltaram a crescer. Promessas de privatizaç­ão e reformas ficaram pelo caminho; a inflação subiu a níveis preocupant­es; encaminha-se a irresponsa­bilidade orçamentár­ia no ano eleitoral.

A calamidade seria um atenuante, não fosse a incapacida­de e o descaso desumano de Bolsonaro. Seu negacionis­mo não encobrirá o fato de que o Brasil tem a maior taxa de mortes por milhão de habitantes entre os países do G20.

É notório, ainda, que houve retrocesso em diversas pastas do governo, como Educação, Saúde e Meio Ambiente.

Também não houve nova política, muito menos combate à corrupção. O centrão ganhou poderes, a Procurador­ia-geral

perdeu autonomia e a Polícia Federal teve dirigentes trocados ao sabor de interesses de aliados e familiares.

Bolsonaro é uma negação nas tarefas de dialogar, convencer e negociar. O fiasco de seu governo se deve ao despreparo e à indolência, não a sabotagens e conspiraçõ­es imaginária­s. A perspectiv­a de derrota em 2022, que desencadeo­u a gritaria golpista, decorre apenas da constataçã­o do óbvio pelo eleitorado.

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