Agora

Adeus ao lorde

Morre Charlie Watts, baterista dos Rolling Stones, aos 80 anos; grande força do rock, ele havia se afastado do trabalho por problema de saúde

- EDSON FRANCO

Baterista dos Rolling Stones desde 1963, Charlie Watts morreu na manhã desta terça-feira (24), aos 80 anos, em um hospital de Londres. “[Watts] era um marido, pai e avô muito querido, além de um dos maiores bateristas de sua geração”, diz o comunicado de um porta-voz do artista. “Pedimos gentilment­e que a privacidad­e da família, dos integrante­s da banda e dos amigos próximos seja respeitada neste momento difícil.”

Watts havia acabado de passar por uma cirurgia de emergência. A causa da morte não foi divulgada.

Nada era menos rock’n’roll do que Charles Watts. A começar pelo figurino. O músico chamava pelo primeiro nome os dois alfaiates londrinos que davam vida aos ternos de caimento perfeito que usava. Era dentro de um desses trajes que ele comparecia a leilões, nos quais arrematava animais para a sua criação de cavalos de raça.

Quando não estava comprando ternos, avaliando equinos ou tocando com a sua banda, ele ouvia preferenci­almente o estilo de música que sempre amou: o jazz.

O fato de ser um lorde fora dos palcos não diminui o respeito que adquiriu dentro deles. Ele foi feliz nos dois mundos. Tanto que, em 2006, entrou para a lista dos homens mais bem vestidos da revista Vanity Fair e, no mesmo ano, foi nomeado para o hall da fama da Modern Drummer, publicação especializ­ada no mundo da bateria.

Charlie Watts foi um operário da música. Empunhava as baquetas, contava até quatro e mantinha o ritmo acelerado da banda. Ponto. Se dependesse de Watts, o tripé formado por sexo, drogas e rock’n’roll —mantra dos seus colegas— não pararia em pé.

Casado desde 1964 com a mesma mulher, o baterista esquivouse de fãs que iam atrás implorando por uma noite juntos. Um documentár­io de 1972 sobre uma turnê dos Stones pelos EUA mostra uma visita da banda à mansão de Hugh Hefner, o dono da Playboy. Em vez de apertar os pompons das coelhinhas, Watts passou o tempo todo jogando sinuca na casa do milionário.

Ele nunca quis saber de drogas pesadas também. Sua fobia de agulhas fez com que mantivesse uma distância segura de qualquer atividade mais pesadament­e junkie.

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Rodrigo Garrido - 3.fev.2016/folhapress O baterista Charlie Watts

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