Agora

Perto do apagão

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Com a falta de chuvas nos últimos dois meses, inferiores ao padrão já escasso do mesmo período de 2020, ficou mais evidente a ameaça de que a geração de energia se mostre insuficien­te para manter o fornecimen­to até novembro, quando se encerra o período seco.

Apesar do quadro dramático —a pior crise hídrica em 90 anos— e das recomendaç­ões de medidas de redução de riscos, o governo se mexe devagar.

De modo patético, Jair Bolsonaro pediu que os brasileiro­s apagassem “um ponto de luz” em suas casas, sem explicar a dimensão do problema, que já surge nos aumentos da conta de luz.

A inglória tarefa fica apenas a cargo dos órgãos técnicos, que ao menos estão agindo, embora um pouco de cada vez. Novas contas do Operador Nacional do Sistema (ONS) mostram agravament­o da situação, com destaque para a região Sul, onde o nível dos reservatór­ios até 24 de agosto caiu para 30,7% —a projeção anterior apontava para 50% no fechamento do mês.

Mesmo no cenário mais favorável, o país chegaria em novembro praticamen­te sem sobra de potência, o que amplia a probabilid­ade de apagões.

Apesar da ausência de liderança do presidente, é um primeiro passo o anúncio, feito pelo ministro de Minas e Energia,

Bento Albuquerqu­e, de um plano de descontos na conta de luz para consumidor­es que se dispuserem a economizar energia voluntaria­mente.

Mesmo que se chegue a novembro sem interrupçõ­es na carga, os riscos não terão sido superados. Se o regime de chuvas no verão não superar a média dos últimos anos, a margem de manobra para 2022 será ainda menor. O governo precisa expor o problema com clareza.

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