Cigarro eletrônico é vendido até por delivery
Dispositivo, mesmo proibido, tem levado jovem ao tabagismo, alertam os médicos
A comercialização não deve ser liberada até se prove seu impacto na saúde e na iniciação ao tabagismo
A comercialização deve ser liberada
A biomédica Patrícia de Oliveira, 28 anos, conta que foi apresentada aos cigarros eletrônicos por amigos que traziam os dispositivos dos EUA. “Como não deixa cheiro e diziam que ele iria ajudar no vício, eu achei perfeito.”
Durante a pandemia, porém, ela passou a aliar o cigarro eletrônico ao tabaco. Há um mês, percebendo a dependência e a falta de fôlego, buscou ajuda médica para parar de fumar. Entre os amigos, diz que o uso dos dispositivos têm sido cada vez mais frequente.
Pesquisa Datafolha encomendada pela ACT Promoção da Saúde mostra que grande parte dos usuários dos chamados DEFS (dispositivos eletrônicos para fumar) comprou esses produtos em locais como tabacarias e supermercados, mesmo a venda sendo proibida no país desde 2009. O levantamento revela que 3% da população acima de 18 anos faz uso diário ou ocasional desses dispositivos.
O assunto tem preocupado os especialistas. A percepção é que está aumentando o uso desses dispositivos entre os jovens e muitos estão iniciando no tabagismo a partir deles.
Também há estudos que relacionam o uso desses dispositivos a um a um maior risco de doenças pulmonares e cardiovasculares. “A mortalidade cardiovascular na Califórnia [EUA] já é a mesma para quem usa o cigarro eletrônico ou o convencional. Cigarro eletrônico é o maior tiro no pé”, diz Jaqueline Scholz, diretora do Programa de Tratamento do Tabagismo do Incor.
A Anvisa está preparando uma revisão da legislação. Por um lado, a saúde pública defende que a venda continue proibida. Já a indústria do tabaco pressiona pela liberação. (Folha)