Madrugada de terror
Enquanto o país debate o perigo da politização de corporações armadas, facções criminosas não dormem em serviço. De madrugada, em Araçatuba (SP), um comboio de assaltantes aterrorizou a cidade sem encontrar resistência.
O saldo: dois araçatubenses foram mortos a tiros, um criminoso abatido, civis gravemente feridos por disparos e bombas, duas agências bancárias explodidas e roubadas. Um município de 200 mil habitantes paralisado por dois dias, sem aulas, sem comércio, sem direito de ir e vir —sem segurança.
Mas onde estão as polícias? Ações parecidas se repetem pelo interior paulista ao menos desde 2018, e só neste ano houve ataques em três outros estados.
O pré-requisito para tais expedições é armamento poderoso, como pistolas, fuzis e explosivos. As quadrilhas são abastecidas pelo tráfico, que não encontra dificuldade para obter armas de todo tipo.
Aí falham as polícias Civil, Militar e Federal. À primeira caberia investigar e descobrir os fornecedores dos arsenais; à PM, aperfeiçoar a inteligência para detectar operações e reprimi-las a tempo.
Fracassa também a PF, crucial para impedir o tráfico de armas e coordenar a inteligência no plano nacional. A instituição enfrenta desafio extra com as políticas armamentistas de Jair Bolsonaro.
O relaxamento dos controles pelo governo, permitindo que colecionadores, atiradores e caçadores adquiram fuzis às dezenas, aumenta o poder de fogo da bandidagem. Fica mais fácil e barato roubar do que contrabandear armas.
Por fim, falha também o Exército, responsável por fiscalizar explosivos. Quadrilheiros sempre conseguem obter material desviado de pedreiras e empreiteiras, se não dos próprios quartéis.