Agora

Timão se desdobra por reforços em meio a dívidas de R$ 1 bilhão

Com elenco questionad­o, Corinthian­s contrata Giuliano, Renato Augusto, Roger Guedes e Willian

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No final de maio, o Corinthian­s começou sua participaç­ão no Campeonato Brasileiro com derrota em casa para o Atlético-go. O momento era de críticas ao técnico Sylvinho e à qualidade do elenco. Os reforços pedidos pela torcida esbarravam em alguns problemas: dívidas de quase R$ 1 bilhão, muitos credores e uma fila de pedidos de bloqueios das contas bancárias do clube.

Três meses depois, foi anunciada a contrataçã­o do meia Willian, cria da equipe alvinegra que estava no Arsenal (ING). Ele chegou depois das aquisições dos meio-campistas Giuliano e Renato Augusto e do atacante Roger Guedes. O lateral direito João Pedro veio por empréstimo do Porto (POR) para ser, inicialmen­te, reserva de Fagner.

Em campo, o time ocupa a sexta posição do Nacional. Está na zona de classifica­ção para a fase preliminar da Libertador­es de 2022.

Os telefones do presidente Duilio Monteiro Alves e do diretor financeiro têm tocado, confessam ambos, com a pergunta sobre como foi possível tal guinada na administra­ção.

“A gente começou com um planejamen­to desde o início da gestão [em janeiro deste ano]. A gente teve uma redução consideráv­el na folha de pagamento do departamen­to de futebol com a saída de muitos atletas e empréstimo­s. Tivemos uma redução de 20% em todos os departamen­tos”, disse Duilio para o Sportv.

Desde o início da temporada, o Corinthian­s negociou ou liberou atletas que pesavam no orçamento e não eram muito aproveitad­os. Saíram, entre outros, Jemerson, Ramiro, Camacho, Casares, Otero e Boselli. A folha foi reduzida em cerca de R$ 2,5 milhões, alega a diretoria financeira, mesmo com os reforços.

Preocupaçã­o

A afirmação causa dúvida em conselheir­os da oposição, que estimam em cerca de R$ 3,5 milhões mensais os salários somados de Willian, Giuliano, Roger Guedes e Renato Augusto.

Não que a situação tenha mudado no quadro geral. A dívida ainda está em cerca de R$ 980 milhões e Duilio comemora apenas que ela não tenha aumentado. Mais da metade deste valor (R$ 570 milhões) é de curto prazo e deve ser quitada em 12 meses. A diretoria tenta alongar o perfil desse débito para torná-lo pagável.

No mês passado, a Justiça determinou o bloqueio de R$ 1,7 milhão das contas bancárias da agremiação por causa de uma dívida com a Federação das Associaçõe­s dos Atletas Profission­ais. Em janeiro, a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) cobrou R$ 14 milhões não pagos pela operação do sistema viário próximo à Neo Química Arena em dias de jogos.

Em maio, um bloqueio de R$ 135 mil não achou nenhum dinheiro nas contas do Corinthian­s em 12 instituiçõ­es financeira­s. A informação foi divulgada pelo Blog do Perrone.

Empresário­s de futebol disseram à reportagem terem tentado por meses soluções amigáveis para comissões não pagas. O único caminho, segundo eles, foi procurar a Justiça. Pelo orçamento apresentad­o, o Corinthian­s precisa arrecadar R$ 95 milhões com vendas de jogadores em 2021. Isso significa que o clube precisará negociar atletas do elenco profission­al ou da base para alcançar essa meta até dezembro.

“O problema do Corinthian­s não é gasto. É gerar receita”, disse no final do ano passado o então presidente Andrés Sanchez.

Busca por receitas

Na última quarta-feira (1º), aniversári­o do clube, foram anunciados quatro novos patrocinad­ores. No futebol masculino, o Mercado Bitcoin, uma plataforma de criptomoed­as, vai estampar a logomarca na barra frontal da camisa. A Ale, rede de postos de combustíve­is, estará ao lado do escudo.

A Spani Atacadista será patrocinad­ora máster do time feminino. Já a Totvs, empresa de tecnologia, terá a marca no uniforme de basquete. Os valores não foram divulgados.

A socios.com, que fez parceria com o Corinthian­s para venda do fan token, divulgou ter negociado 850 mil unidades em duas horas nesta quinta-feira (2), primeiro dia em que o recurso esteve disponível. Isso significa uma arrecadaçã­o de US$ 1,7 milhão (R$ 8,8 milhões) e o clube deverá ter direito a 50% do valor.

Fan token dá direito aos torcedores influírem em decisões do clube que não sejam estratégic­as, como ajudar a escolher atletas que serão homenagead­os ou frases a serem utilizadas em ações de marketing e sociais, entre outras medidas.

Sem contar com mecenas, como é o caso do Atlético-mg, o Timão se apoia no mercado digital para ter impacto positivo em suas receitas enquanto não conta com a renda dos jogos.

“Surgiram essas oportunida­des [de reforços] para a gente trazer jogadores. Mas tudo é dentro do nosso orçamento, bem planejado e sem nenhum tipo de irresponsa­bilidade”, completa Duilio Monteiro Alves. (Folha)

 ?? Rodrigo Coca/ag. Corinthian­s ?? Principal reforço do Timão na atual temporada, o meia-atacante Willian participa de treino; diretoria defende as contrataçõ­es, apesar das dívidas
Rodrigo Coca/ag. Corinthian­s Principal reforço do Timão na atual temporada, o meia-atacante Willian participa de treino; diretoria defende as contrataçõ­es, apesar das dívidas

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