Agora

Vila Itororó é aberta ao público e ganha iluminação especial

Espaço parcialmen­te restaurado na Bela Vista vai oferecer oficinas gratuitas e outras atividades

- TATIANA CAVALCANTI

Um cantinho histórico quase esquecido no meio da região central de São Paulo, a elegante Vila Itororó do passado voltará a mostrar seu charme a partir da próxima sexta (10), quando será aberta ao público como espaço cultural pela primeira vez em quase cem anos de existência e, de quebra, receberá uma iluminação especial e permanente.

O local tombado desde 2002 fica no Bexiga —entre a Bela Vista e a Liberdade, junto à avenida 23 de Maio, onde passava o rio Itororó— e foi a moradia de imigrantes de diversas nacionalid­ades desde 1922.

Hoje, lembra ruínas romanas com a nova iluminação cênica destacando suas colunas, o palacete (ainda aguardando reparação) e parte das 37 casinhas que, após cinco anos de restauro, foram entregues em 2019 e agora darão espaço a oficinas e outras atividades. As demais residência­s permanecem em ruínas aguardando restauraçã­o, assim como o imenso escadão.

Responsáve­l pelo novo visual da vila, a iluminador­a cênica Ligia Chaim, 36 anos, explica o conceito das luzes. “Já que vai abrir ao público pela primeira vez, a ideia é valorizar a arquitetur­a histórica dessas ruínas, das casas restaurada­s, e manter esse espaço como um ambiente de observação.”

Ligia tem um relacionam­ento antigo com a Bela Vista. Além de sua família viver no Bexiga, seu avô Walter Taverna, 87 anos, foi um dos responsáve­is pelo tombamento do bairro, que inclui a Vila Itororó. “Isso foi marcante para mim. Sempre estive envolvida em vários eventos de que ele participou, então é significan­te ter sido escolhida para esse projeto da Vila Itororó. O universo conspirou para isso. A Vila que me escolheu.”

O espaço de 6.000 metros quadrados inspira um movimento artístico que já começou a tomar conta da vila onde serão oferecidas diversas atividades culturais, como oficinas de circo e de perna de pau, aulas de dança de salão, palestras e shows intimistas. Tudo de graça. Quem estiver com fome vai poder preparar comida em uma cozinha pública disponível ali, ao lado do futuro Jardim do Éden, que ainda está em reforma.

A antiga piscina, a primeira privada de uso coletivo da cidade e abastecida com água do rio Itororó, vai virar palco para performanc­es e também para o cinema ao ar livre, o Cineclube Éden, com programaçã­o de filmes às quintas-feiras. É o que explica Higor Advenssude, 36 anos, diretor do Centro Cultural Vila Itororó, da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, sob gestão Ricardo Nunes (MDB).

“A piscina vai se tornar uma sala de cinema, com filmes projetados na parede de uma das casas. Vamos iniciar exibindo obras de coletivos de cinema do bairro”, diz o diretor. “A Vila Itororó toda vai ser um espaço para convívio e de ocupação pela população.” Também morador do bairro, Advenssude está na gestão há oito meses e diz que tem sido um período intenso. “Vale a pena, vai ficar tudo lindo.”

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Fotos Adriano Vizoni/folhapress Lateral do palacete e do escadão iluminados na Vila Itororó e que ainda devem passar por restauro nos próximos anos; espaço na Bela Vista vai se tornar um centro cultural com atividades gratuitas

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