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Familiares brigam e se isolam dos que recusam vacina contra Covid

Fake news e apoio a Jair Bolsonaro estão entre os motivos de parentes para negar o imunizante

- ISABELLA MENON

A tia teme que um chip seja implantado em seu braço se ela tomar a vacina contra a Covid. O irmão tem medo da agulha. A prima saiu do grupo do Whatsapp da família e mandou o recado a quem ficou: “são burros por tomarem algo sem eficácia”. O filho mais velho diz que não confia na vacina. E a avó crê que o imunizante não lhe cairá bem.

Essas são algumas das histórias de brasileiro­s que recusam o imunizante. Os motivos alegados costumam se apoiar em informaçõe­s falsas divulgadas em redes sociais. Na maioria dos casos relatados à reportagem, a decisão de não se vacinar está ligada àqueles que apoiam o presidente Jair Bolsonaro, que já questionou a eficácia das vacinas.

Quando a vacina começou a ser aplicada no Amazonas, em janeiro, familiares do fotógrafo Tadeu Rocha, 32 anos, que mora em Manaus, aparentara­m certo receio. Mas, em pouco tempo, quase todos aceitaram o imunizante, exceto a madrinha dele, que é médica. Ela repetiu frases já ditas por Bolsonaro para justificar a decisão, como “a vacina é experiment­al”, além de dizer que ela “não é cobaia”, relata o fotógrafo.

Rocha não pretende gastar energia discutindo com a tia. “É uma pessoa que tenho muito carinho e amor, mas vou manter essa distância e torcer para ela mudar o pensamento”, diz.

Professora no Rio, Mariana Techera, 23, vive uma situação semelhante. O irmão mais velho, de 24 anos, diz não confiar no imunizante. Ela diz que fica ainda mais indignada com a decisão porque a mãe deles foi internada no fim do ano passado com complicaçõ­es da Covid-19 e passou o Natal e Ano-novo em coma. “É muito egoísmo da parte dele, ainda mais depois de tudo que passamos”, afirma.

Mariana diz que não se sente confortáve­l em ficar no mesmo cômodo que o irmão e que gostaria que sua mãe também evitasse encontros com ele. (Folha)

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