Sem enterro, é dif ícil encarar luto, diz pai de morto no WTC
“Aquele negócio começou de manhã, entre 9h e 10h. Eu já estava aqui no consultório”, lembra o médico Ivan Fairbanks Barbosa, 80.
O filho de 30 anos do médico, Ivan Kyrillos Fairbanks Barbosa, estava naquele momento a 7.600 km de distância do pai e apenas seis andares acima do primeiro choque. Ele, que trabalhava negociando papéis na corretora Cantor Fitzgerald, no 105º andar daquela torre, é um dos cinco brasileiros mortos no 11 de Setembro, 20 anos atrás.
Após os ataques, a família recebeu um kit para reconhecimento de DNA, enviado pelas autoridades americanas.
“É muito difícil encarar uma morte sem um cadáver para enterrar”, lamenta o médico. Até hoje, há 1.106 vítimas não reconhecidas. Ele não sabe dizer quantos dias se passaram até que entendesse que seu filho havia morrido no ataque.
“As comunicações foram interrompidas, aí chegavam informações erradas, como a de que Ivan estava no hospital x. Ligávamos no lugar e nada. Essa busca durou ao menos 15 dias, até que não havia mais informação para checar”, diz. “Quero destacar a enorme solidariedade que recebemos”, diz. (Folha)