Agora

Chega de palhaçada

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Dúvida. Incerteza. Inquietaçã­o. É confusa a política no país. O clima econômico também se deteriora.

Laurênio era um empresário de prestígio na área de varejo. —Como está o dólar?

—Subiu, seu Laurênio.

—E a bolsa?

—Caindo, seu Laurênio.

Ele respirou fundo.

—Desse jeito não dá para continuar.

Veio a notícia urgente.

—Os caminhonei­ros, seu Laurênio.

—O que é que tem?

—Parando as rodovias. Laurênio se levantou da cadeira. —E as nossas entregas? —Parece que está difícil, seu Laurênio.

—Absurdo. Intoleráve­l. O assessor se chamava Neves. —Nunca vi o patrão tão nervoso. Serviram um chá de boldo. —Amargo. Mas é bom para o fígado.

Laurênio continuava agitado. —E os nossos estoques?

—No osso, seu Laurênio. A manhã avançava abafada pelos lados do Ipiranga.

—Essa palhaçada tem de acabar. O presidente Bolsonaro continua fazendo discursos.

—Um grande babaca. É isso o que ele é.

Neves ficou espantado.

—Mas o senhor sempre gostou dele…

Laurênio deu ordens ao garçom. —Chega de chá com torrada. Me manda um parati.

A cachacinha fortaleceu as convicções de Laurênio.

—Chega. Basta. É demais. Laurênio deu seu ultimato ao presidente Bolsonaro.

—Faz esse golpe de uma vez, caceta. E para com a enrolação. Alguns preparam o chá.

Outros, a porrada.

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