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‘Sempre precisei da aceitação do outro’, diz a modelo Isabeli Fontana

Com 38 anos de idade e 25 de carreira, ela diz que quarentena foi momento de lidar com ‘monstros internos’

- VICTORIA AZEVEDO

A modelo Isabeli Fontana avalia que o Brasil não está feliz —e não sabe dizer quando o país retomará a sua alegria. “Quando volto para cá, sinto uma energia triste. Sou super sensitiva”, diz ela, que morou nos Estados Unidos entre 2018 e 2020 e agora reside em São Paulo. “Vai demorar pra gente voltar a ser um povo feliz. São mais de 500 mil mortes [pela Covid-19]. É um absurdo isso que estamos passando”, afirma à coluna Mônica Bergamo, da Folha de S.paulo.

A modelo curitibana, que trabalha desde os 13 anos, conta que sempre viajou muito por causa da profissão —e estranhou ter de ficar em casa durante a quarentena imposta pela Covid. Ela afirma que esse foi um momento para lidar com seus “monstros internos”, como a ansiedade. “Sempre vamos jogando os nossos sentimento­s ruins debaixo do tapete. Agora é a hora de levantar esse tapete, sacudir e ver tudo o que está acontecend­o. Na quarentena esses sentimento­s vieram à tona.”

No começo do ano, ela foi passar uma temporada nos EUA para fazer um curso de formação de ioga kundalini. Aproveitou e se vacinou contra a Covid-19 —ela recebeu o imunizante da Janssen.

O marido de Isabeli, o cantor Di Ferrero, foi uma das primeiras figuras públicas a anunciar que estava com Covid, em março de 2020. A modelo teve coronavíru­s, mas meses depois e com sintomas leves.

Isabeli comemora 25 anos de carreira em 2021. Por vários anos, esteve em listas da revista americana Forbes das modelos mais bem pagas no mundo. Ela já desfilou para grandes grifes internacio­nais como Balenciaga, Louis Vuitton, Dior, Versace e Chanel.

De lá para cá, avalia que o cenário da moda mudou muito —e celebra as mudanças nos padrões de

Isabeli Fontana completa 25 anos de carreira e já desfilou para grifes internacio­nais como Louis Vuitton, Dior e Chanel

beleza e a diversidad­e que passou a ser valorizada na profissão.

“Isso deveria ter existido desde sempre, o mundo da moda só ganha com isso. Cada um tem um corpo, e as pessoas precisam aprender a se amar do jeito que são”, segue. E conta que já teve que fazer “dietas malucas que quase me enlouquece­ram”

para conseguir trabalhos, mas que “graças a Deus isso tudo é bobagem hoje em dia”.

Ela comemorou o anúncio de reestrutur­ação da marca Victoria’s Secret, que irá trocar as suas icônicas “angels” por um time de mulheres ativistas. “Estava mais do que na hora da moda abraçar todos os tipos de corpos, de seres. Corpo perfeito é bobagem, não existe! Perfeito é quando você se gosta e se aceita.”

Isabeli conta que teve que adiar projetos e trabalhos no começo da epidemia e que temeu perder “tudo o que já tinha conquistad­o” na carreira. Ela diz que nesses anos todos teve que superar obstáculos e negativas para chegar aonde queria estar. “Mesmo estando no padrão de beleza dos anos 1990, não era aceita no ‘high fashion’, Diziam que eu só servia para marcas comerciais, me achavam sensual demais.”

E afirma que sempre foi uma pessoa muito ansiosa e cheia de inseguranç­as. “A gente pode fingir que está tudo bem, mas não é bem assim, ninguém é feliz o tempo inteiro”, segue. “Sempre precisei da aceitação do outro, isso é uma coisa muito difícil. O negócio é ir acertando os ponteiros para que você consiga ter mais paz.” Aos 38 anos, é mãe de Zion, 18, e Lucas, 14.

Crítica ao governo

A modelo não gosta de política, mas critica a condução do governo Jair Bolsonaro no combate à pandemia e diz que essa gestão não a representa. “É o momento de a gente se unir e falar ‘chega’! Chega de palhaçada, merecemos ser felizes. Não estamos pedindo muito, só queremos um país melhor, qualidade de vida.” (Folha)

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Felipe Censi/divulgação

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