Filme se distancia com inteligência dos clichês da comédia romântica
e a atriz conta que Manu a ajudou a se despedir da vilã Fabiana, da novela “A Dona do Pedaço” (Globo, 2019). “A gente gravava na praia”, diz, relembrando o clima de alto astral nas filmagens.
Quem se habituou a ver a assinatura de George Moura e Sérgio Goldenberg em grandes dramas exibidos pela Globo, como “Amores Roubados”, “O Rebu” (o remake), “Onde Nascem os Fortes” e “Onde Está Meu Coração?” (Globoplay), entre outras séries, há de se surpreender com a habilidade da dupla em “Um Casal Inseparável”.
Classificada como “comédia romântica”, mas distante do estereótipo que pressupõe algum pastelão e sequências de bobagens para gargalhar, a história se destaca pelo fato de não tratar o espectador como alguém que se submete a enfiar sorvete na testa.
O longa é uma ideia de Goldenberg, responsável pela direção, que convidou Moura para fazer o roteiro, um texto feito de diálogos despretensiosos, e por isso mais eficientes, prontos para destruir clichês, especialmente de gêneros.
Embora os dois estejam mais vinculados ao drama na trajetória em dupla, o ambiente em que convivem no processo de criação, por trás das câmeras, tem mais a leveza da comédia do que a tensão do drama, avisa Moura. Ainda bem.
A engenharia de “Um Casal Inseparável” segue, no entanto, a mesma
Nathalia Dill e Pedro Curvello com a filha do casal, Eva, de 8 meses
Zpremissa do restante da obra do par: uma dramaturgia que dispensa bandeiras e receitas prontas. “É legal quando fica um certo tom dissonante, mesmo sendo numa comédia de costumes”, argumenta Moura. “Molière, nosso grande mestre, dizia que a boa comédia faz rir e faz escorrer uma lágrima”, continua.
O enredo percorre todas as etapas de uma relação amorosa, do encontro ao reencontro após o desgaste, passando pela sedução, pela conquista da confiança, assim como a perda dessa e seu resgate, quando possível, o que de alguma forma gera identidade no espectador.
A relevância da trilha sonora é outro ponto convergente com a obra da dupla. Não há George Moura e Sérgio Goldenberg sem um bom repertório, sempre em sintonia com a história contada. Martinho da Vila e sua “Disritmia” têm papel essencial no filme, que nos leva ainda aos acordes afetivos —no sentido de sermos afetados e também de nos enternecer— de Mart’nália e Arnaldo Antunes, num convite ao entendimento do casal central.
Nesses tempos ainda pandêmicos, em que tantas relações têm sido postas à prova, vale a pena mirar em Manu e Léo e encontrar a leveza que sempre dá samba.
NATHALIA DILL É MÃE: ‘TRANSFORMAÇÃO’
Outros lançamentos, contudo, estão por vir. O filme “Incompatível”, que tem também Gabriel Louchard e Giovanna Lancellotti no elenco, deve ser lançado em breve. (FPN)