Parentes de vítimas da Covid cobram da CPI relatório firme
Familiares estiveram nesta segunda-feira em sessão e repudiaram reação do governo Bolsonaro
A CPI da Covid recebeu nesta segundafeira (18) familiares de vítimas da pandemia. Os depoimentos foram carregados de dor, luto e repúdio às ações do governo Jair Bolsonaro na crise sanitária.
Ainda reforçaram o pleito do grupo majoritário da comissão de que é preciso criar uma pensão para órfãos da pandemia.
Os convidados representaram diferentes regiões do
Brasil, entre eles uma enfermeira que viveu “uma guerra” em Manaus, um pai que perdeu o filho e ouviu “e daí?” de bolsonaristas e uma filha que viu a mãe morrer recebendo tratamento com kit Covid na Prevent Senior. Falou ainda à comissão representante da ONG Rio da Paz.
Os parentes cobraram um relatório firme da CPI, expondo falhas do governo na crise sanitária e se opondo à promoção de políticas que ferem a ciência, como a distribuição de medicamentos sem eficácia.
Um dos depoimentos mais dramáticos da sessão da CPI foi o do taxista Márcio Antonio do Nascimento Silva, pai de Hugo Dutra, vítima da Covid-19 aos 25 anos, em abril de 2020.
Em junho do ano passado, Silva recolocou na areia da praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, cruzes brancas de protesto pelas mortes na pandemia, que haviam sido derrubadas em ato de vandalismo.
Era muita dor, muita tristeza. Falei para o cara: Meu filho morreu, você vai ficar gritando ‘e daí?’ Márcio Antonio do Nascimento Silva
“Quando cheguei [à praia], tive ato de desespero. Perdi a razão, não aceitei aquilo. Era muita dor, muita tristeza. Falei para o cara: Meu filho morreu, você vai ficar gritando ‘e daí?’”
O taxista Silva também criticou ações do governo Bolsonaro na pandemia. Ele relatou que teve raiva e se sentiu mal após ouvir o presidente reagir com um “e daí” a questionamentos sobre a Covid.
“Me gerou muita raiva, muito ódio. Aquilo me fez muito mal”, disse, além de criticar quem chama a CPI da Covid de “circo”. (Folha)