Agora

Pressão em Cuba

-

Nos últimos meses, Cuba vem conhecendo uma onda de insatisfaç­ão popular contra um regime que, preso ao passado, não consegue oferecer aos opositores nada além de repressão.

O estopim ocorreu em julho, quando milhares de pessoas tomaram as ruas de Havana e de outros pontos da ilha nas maiores manifestaç­ões contra o governo desde o começo dos anos 1990.

Os atos buscaram denunciar apagões diários, ausência de liberdade de expressão e falta de alimentos e remédios, que se agravou durante a pandemia.

A ditadura respondeu a sua maneira. Um relatório da ONG Human Rights Watch apontou violações graves aos direitos humanos, como prisões arbitrária­s, condições desumanas de encarceram­ento e abuso sexual de mulheres. Mais de mil cubanos foram detidos; cerca de metade deles permanece presa até hoje.

Grupos de artistas e ativistas marcaram novas manifestaç­ões para este mês. Como esperado, o regime armou uma verdadeira operação de guerra para evitar que as cenas de julho se repetissem.

Repisando fórmulas mofadas, o governo acusou o movimento de ser organizado e financiado pelos Estados Unidos. A campanha foi além, com prisões preventiva­s, intimações para interrogat­órios na polícia, ameaças e advertênci­as.

Na segunda (15), dia dos atos, os principais líderes acordaram com suas casas sob cerco policial, proibidos de sair às ruas. Nas áreas centrais de Havana, a presença maciça de policiais e de cidadãos chamados a defender a revolução dissuadiu qualquer tentativa de protesto.

Embora bem-sucedida, a estratégia acaba revelando a profunda incapacida­de do regime de lidar com um descontent­amento que só tende a crescer.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil