Contrastes na Covid
Já se foi o tempo em que os números do Brasil relativos à Covid —casos, mortes ou vacinação— ficavam entre os piores do mundo. A pandemia parece controlada por aqui, enquanto EUA e países europeus vivem situação muito pior.
Hoje algo como 50 a cada 1 milhão de brasileiros recebem confirmação da doença a cada dia. O país fica abaixo da média mundial, superior a 60 por milhão. Já a desenvolvida Europa ultrapassa a casa de 380 novos casos diários por milhão.
As nossas médias móveis de mortes também são mais favoráveis, com 16 falecidos por milhão a cada dia. Um pouco acima da média global (12,7) e sul-americana (12,4), verdade. Mas nada escandaloso diante da cifra europeia (68,3) ou da norte-americana (48,9).
O desempenho da vacinação ajuda a explicar. Mesmo com a antipropaganda do presidente Jair Bolsonaro, o Estado já garantiu a primeira dose a mais de três quartos da população em dez meses.
Não se encontra uma correlação direta entre vacinação e gravidade das epidemias nacionais, entretanto. Brasil e Reino Unido, por exemplo, têm parcela similar de parcialmente imunizados (76% e 74%, respectivamente), mas ocorre entre britânicos o dobro de mortes, proporcionalmente, do que se vê por aqui.
Cada país passa por momentos diferentes da pandemia. Uns veem arrebentar uma quarta onda mortífera, enquanto noutros ela ou não se materializa ou não mata tanto. Os motivos desse fenômeno não estão exatamente claros.
Seria ilusão, porém, acreditar que a Covid foi domada. É urgente completar o esquema vacinal, ainda abaixo de 60%, acelerar as doses de reforço e adotar a devida cautela ao afrouxar regras de distanciamento e uso de máscaras.