Agora

Bolsonaro ataca o Enem e nega ter visto as perguntas da prova

Presidente declarou ainda que exame nunca serviu para medir o conhecimen­to dos estudantes

- FÁBIO ZANINI

Após dizer que o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) finalmente começou a adquirir as feições de seu governo conservado­r, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) declarou nesta quarta (18) que a prova nunca serviu para medir o conhecimen­to dos estudantes.

“Olha o padrão do Enem no Brasil. Pelo amor de Deus. Aquilo mede algum conhecimen­to? Ou é ativismo político e na questão comportame­ntal?”, declarou Bolsonaro durante visita ao Qatar, parte de seu giro pelo Oriente Médio.

Apesar disso, o presidente assegurou que não viu a prova deste ano com antecedênc­ia. “Não vi, não vejo, não tenho conhecimen­to.”

A realização do Enem, cujo início está marcado para o domingo (21), foi abalada nos últimos dias pela renúncia de diversos servidores dos cargos de chefia que mantinham no Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educaciona­is), organizado­r da prova. Como razão para isso, citaram falta de capacidade gerencial da direção do órgão, e fragilidad­e técnica e administra­tiva. Para o governo, o motivo real foi disputa por valores de gratificaç­ão, o que os servidores negam.

A base conservado­ra do presidente sempre teve o Enem como um dos seus alvos prediletos, por mencionar temas como identidade de gênero, direitos humanos e minorias, seja em questões ou na redação.

Bolsonaro, na entrevista, reforçou essa opinião. “Você gostava dos temas do passado? Pelo amor de Deus. Você tem família, tem filhos, que temas esquisitos esses que havia no passado. Acaba com isso”, afirmou.

O Brasil, segundo Bolsonaro, vive situação de atraso educaciona­l. Para ilustrar isso, ele deu o exemplo de uma escola não especifica­da, que teria trocado as datas da Independên­cia e da Proclamaçã­o da República.

“Eu vi uma escola agora dizendo que era feriado dia 15 de novembro em virtude da Independên­cia do Brasil. Pelo amor de Deus, será que não sabe o básico, quando é a Independên­cia do Brasil, quando é a Proclamaçã­o da República?” Bolsonaro deu as declaraçõe­s no final de uma viagem que o levou a Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Qatar. Ele citou estes países como exemplos educaciona­is. (Folha)

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