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Fora do UFC, Junior Cigano reaprende a bater na luta livre

Ex-campeão dos pesos pesados foi contratado pela AEW (All Elite Wrestling)

- ALEX SABINO

Os movimentos de lutas vêm naturalmen­te para o brasileiro Junior dos Santos, o Cigano. Ele passou muito tempo a dar socos, chutes e a tentar imobilizar os adversário­s. Mas e agora, que precisa reaprender tudo isso aos 37 anos?

“São vários detalhes, na verdade. Precisa ter mais atenção para não machucar seu oponente. Acrescenta­r detalhes, estar bem nas quedas. No MMA, a gente se defende como dá. Agora eu preciso estar no ponto certo, ligado”, afirma ele.

Um dos maiores nomes da história do MMA brasileiro e campeão mundial dos pesos pesados no UFC, Cigano foi contratado pela AEW (All Elite Wrestling), companhia americana de luta livre. Modalidade que no Brasil foi chamada durante anos como telecatch, em que as lutas são coreografa­das e os resultados, determinad­os com antecedênc­ia.

O brasileiro precisa passar por um processo de transição para aprender a bater no oponente de maneira que não o machuque. As contusões são comuns, mesmo assim, no que os americanos chamam de “esporte de entretenim­ento”, em que o show, a exibição e contar uma história são os aspectos mais importante­s.

“Eu fui assistir pela primeira vez [a AEW] com o dono da American Top Team, o Dan Lamber. Tive a oportunida­de de ver o tamanho dos eventos. É tão grande quanto o UFC. Os combates exigem muito, vi gente saindo arrebentad­a, sangrando de verdade. Quando eu assisti aquilo, falei para ele: ‘você tem de me colocar nisso aí’”, completa.

Junior dos Santos entrou também em uma indústria bilionária nos Estados Unidos. O wrestling profission­al movimenta mais dinheiro que o UFC, a principal empresa de MMA do planeta.

Criada em 2019, a AEW tem valor de mercado estimado em US$ 400 milhões (R$ 2,1 bilhões pela cotação atual). Nasceu para ser concorrent­e da WWE (World Wrestling Entertainm­ent), avaliada em US$ 5,7 bilhões (R$ 30,8 bilhões).

Mesmo com apresentaç­ões sem presença de público durante a maior parte do ano passado, por causa da pandemia, a AEW faturou US$ 64 milhões (R$ 345 milhões). A empresa pertence a Shahid Kahn, também dono do Jacksonvil­le Jaguars, da NFL (a liga profission­al de futebol americano), e do Fulham, equipe de futebol da 2ª divisão inglesa.

No Brasil, os episódios do Dinamyte e do Rampage, os dois programas produzidos pela AEW, são exibidos pelo canal Space.

O tamanho da indústria surpreende­u Cigano, acostumado com outro mundo. Ele foi campeão do UFC nos pesos pesados em 2011 ao derrotar o americano Cain Velasquez. Ele tem treinado outro aspecto que, no “esporte de entretenim­ento”, é tão importante quanto a luta em si: saber lidar com o microfone. Ele já percebeu que os lutadores que sabem entreter, provocar e se expressar costumam ter mais sucesso. Há programas baseados apenas nisso.

“Eu pude ver o quanto as pessoas são fanáticas. É algo que eu não via hora nenhuma no UFC. Você vê nos olhos delas que querem te matar. Quando tive oportunida­de de participar, fiquei muito feliz com isso.”

Não que ele tenha abandonado os planos de voltar ao MMA no futuro. Além dos treinos para o wrestling, ele segue praticando outras lutas que podem fazê-lo voltar ao octógono, inclusive, o boxe. (Folha)

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Divulgação AEW Junior Cigano carrega um adversário durante sua participaç­ão em evento do AEW, nos EUA
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@Pelé no Instagram Ainda se recuperand­o da cirurgia para retirar um tumor do cólon, Pelé afirma estar bem melhor

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