Agora

Bolsonaris­tas ficam fora de lista de procurados da Interpol

Segundo especialis­tas, organizaçã­o passou a analisar mérito por receio de perseguiçõ­es políticas

- CAMILA MATTOSO FABIO SERAPIÃO GUILHERME SETO

A Interpol não atendeu até agora os pedidos das autoridade­s brasileira­s para incluir bolsonaris­tas investigad­os pelo STF (Supremo Tribunal Federal) na sua lista de procurados.

A entidade, que reúne representa­ntes de policias de cerca de 200 países, deixou de fora o caminhonei­ro Marcos Gomes, o Zé Trovão, e segura o pedido do STF para colocar o influencia­dor Allan dos Santos na chamada difusão vermelha.

Em geral, a inclusão ocorre de maneira célere, o que não ocorreu dessa vez de forma inédita. Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, os dois são alvos de investigaç­ões cujo relator é o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo.

O caminhonei­ro teve um pedido de prisão expedido por Moraes por causa da participaç­ão na organizaçã­o dos atos do 7 de Setembro, ficou foragido no México e não foi incluído pela Interpol até retornar ao Brasil e se entregar.

Allan dos Santos teve a prisão e extradição decretada em 5 de outubro no inquérito que apura a existência de uma milícia digital para atacar a democracia e as instituiçõ­es.

Desde então o Brasil acionou os EUA, onde o influencia­dor mora, por meio do DRCI (Departamen­to de Recuperaçã­o de Ativos e Cooperação Internacio­nal), e enviou o pedido à Interpol para inclusão na difusão vermelha.

Como a PF representa o Brasil na Interpol, é por meio dela que os pedidos com base em decisões judiciais chegam. No caso de Allan dos Santos, a decisão de Moraes foi enviada há mais de três semanas.

Forma inédita

A entidade, segundo relato de investigad­ores, tem feito uma análise jurídica dos casos para evitar ações contra supostos perseguido­s políticos. Não houve uma resposta definitiva até o momento. Segundo informaçõe­s de bastidores, os documentos ainda estão sendo verificado­s.

A mudança de postura tem chamado a atenção de policiais no Brasil, que relatam nunca ter visto algo semelhante. Entre integrante­s do órgão, entretanto, a nova postura é justificad­a como forma de evitar novos recursos com alvos de inclusão acionando a Justiça contra a Interpol.

No caso de Allan dos Santos, a decisão foi dentro do inquérito das milícias digitais. Esse caso é um dos que os bolsonaris­tas criticam pelo fato de Moraes ter reaberto a apuração mesmo após pedido de arquivamen­to da Procurador­iageral da República.

Ao reabrir o caso, Moraes colocou a PF para investigar uma suposta organizaçã­o criminosa que atua para atacar a democracia e as instituiçõ­es. (Folha)

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Pedro Ladeira/folhapress O blogueiro Allan dos Santos, apoiador do presidente Jair Bolsonaro, teve prisão e extradição decretada, mas não entrou na lista de procurados

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