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Renato põe à prova opinião sobre Flamengo de Jorge Jesus

- KLAUS RICHMOND

Técnico do Flamengo, finalista da Libertador­es, Renato Gaúcho, 59, é descrito como uma fortaleza mental por seus pares.

Não sai da cabeça do empresário Gerson Oldenburg, que o acompanha desde o início, como técnico no Madureira, em 2001, o primeiro ato da carreira fora das quatro linhas.

Ele aceitou uma proposta de R$ 8 mil mensais do clube da zona norte do Rio de Janeiro e convenceu os atletas de que precisava de uma estreia de gala.

Era necessário vencer o Vasco, campeão brasileiro há três dias, em São Januário. Debaixo de chuva, impôs 2 a 1, de virada, ao time cruzmaltin­o, que estava com muitos desfalques, mas tinha em campo Pedrinho e Viola, por exemplo.

“Já conheci muita gente no futebol, mas nada comparado com a confiança que ele tem. Diria que essa é a maior virtude dele”, conta Oldenburg à reportagem.

Mesmo em sua terceira final de Libertador­es na carreira —disputou em 2008 pelo Fluminense e em 2017 pelo Grêmio—, ele vem sendo questionad­o se tem condições para pilotar o estrelado elenco rubro-negro.

Foram poucos momentos de lua de mel e muitos de guerra. A última delas, uma manifestaç­ão viral de torcedores nas redes sociais na semana da decisão com o Palmeiras, em Montevidéu: “Ganhe a Libertador­es e saia”.

O motivo da ira dos flamenguis­tas foi uma suposta apatia do treinador nos gols marcados pela equipe no empate por 2 a 2 diante do Grêmio, seu ex-clube, em Porto Alegre, em confronto atrasado pela segunda rodada do Brasileiro.

O time ainda sofreu dois gols quando tinha um jogador a mais em campo, pela expulsão de Jhonata Robert, e permitiu reação inesperada dos gaúchos.

Questionad­o se o Flamengo havia aliviado para o Grêmio, ameaçado de rebaixamen­to, o técnico se mostrou incomodado: “Isso é um tipo de pergunta que me ofende”, respondeu. Outrora nome cotado para a seleção e de elogiado trabalho, Renato chega à decisão carregando inéditas pressões.

Visivelmen­te abatido após a derrota por 3 a 0 para o Athletico-pr, em 27 de outubro, que eliminou o Flamengo da Copa do Brasil em pleno Maracanã, precisou ouvir logo na primeira pergunta um questionam­ento sobre o peso da frase dita enquanto treinador do Grêmio, em 2019, de que o português Jorge Jesus tinha “obrigação de fazer um time de 200 milhões de reais jogar”.

“É um cara que não sente pressão, é sempre muito frio para tomar decisões. Ninguém fica quatro anos e sete meses no Grêmio à toa”, defende Oldenburg.

“Alguns põem a culpa nos outros, mas ele não. Ele assume e diz que é o melhor porque confia no que faz. É como a mente do Cristiano Ronaldo”, completa.

Léo Moura conta que, em 2018, com jogadores retornando de férias e a equipe tricolor ameaçada de rebaixamen­to no Campeonato Gaúcho, surpreende­u o vestiário gremista ao dizer que garantiria classifica­ção mesmo com um ponto somado em cinco partidas.

“Aproveitem porque tem sete vagas apenas. Uma é do Grêmio”, disse na entrevista coletiva. “É difícil você trabalhar em um grupo com 30 jogadores e não ver nenhum de cara feia, ou chateado. Posso dizer com toda a certeza: é o melhor gestor de grupos com quem já trabalhei”, explica o ex-lateral.

Sob pressão, Renato já é o técnico com mais vitórias na história da Libertador­es (50 até aqui) e, entre os brasileiro­s, pode chegar a um seleto hall de duas conquistas, ocupado por Lula, Telê Santana, Luiz Felipe Scolari e Paulo Autuori.

Se vencer a final contra o Palmeiras, já é quase certa uma nova leva de declaraçõe­s ao melhor estilo Renato de ser. (Folha)

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Alexandre Vidal - 21.nov.21/flamengo Renato Gaúcho comanda o Flamengo em treinament­o; ele pode conquistar no Uruguai seu segundo título da Libertador­es como treinador

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