PT vê Bolsonaro mais fraco, mas no 2º turno
Petistas minimizam chances de Moro e avaliam que Ciro tende a perder espaço
Integrantes da cúpula do PT avaliam que Jair Bolsonaro ficará mais fraco na corrida eleitoral de 2022 após a entrada do ex-juiz da Lava Jato Sergio Moro (Podemos) na disputa, mas que isso não deve tirar o presidente de um provável segundo turno contra Luiz Inácio Lula da Silva.
O prognóstico petista é que Moro irá arrancar nos primeiros meses de précandidatura e tirar votos de Bolsonaro. O ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, porém, não deve ter fôlego para ir muito além da faixa de 15% dos votos, na avaliação de dirigentes do PT.
Bolsonaro, por outro lado, tende a manter sua base mais fiel, como evangélicos, conservadores e corporações da segurança pública, o que colocaria o presidente com mais de 20% dos votos (podendo chegar a 25%), na projeção de aliados de Lula.
Para o PT, Ciro Gomes é quem mais perde a partir de agora. No PDT, porém, a avaliação é que a desidratação de Bolsonaro ao dividir votos com Moro abre espaço para Ciro no segundo turno —apesar de um cenário com dois partidos de esquerda se mostrar improvável.
A mais recente pesquisa Datafolha, divulgada em setembro, mostra Lula com 42% a 44% das intenções de voto, contra 25% a 26% de
Bolsonaro no primeiro turno. Nenhum outro candidato tem se mostrado competitivo até então.
Ciro Gomes aparece com 9% a 12%, e João Doria (PSDB) ou Eduardo Leite (PSDB), na casa de 4%.
No último levantamento que testou Moro, em maio, o ex-juiz apareceu com 7% das intenções de voto, empatado tecnicamente com Ciro, que tinha 6%.
Fragmentada, a terceira via não deve ter, na visão do PT, o impulso para reverter o quadro em que Lula e Bolsonaro assumem o primeiro pelotão.
Esse é o embate preferido de ambos os lados —o risco de derrota é maior se for contra Moro ou Ciro.
“Bolsonaro tem uma base popular muito sólida. Ele tem militância. Ele pode derreter, mas tem apoio. O Moro tem um voto de opinião, da direita, mas não vejo uma militância como Bolsonaro tem”, diz a presidente do PT, Gleisi Hoffmann.
Para duelar com Bolsonaro, aliados de Lula planejam mirar na crise econômica, no aumento do desemprego, na alta da inflação e comparar os números com as altas do PIB (Produto Interno Bruto) na gestão do petista. (Folha)