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Centenário foi palco de festa do Fla e decepção alviverde

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O Palmeiras decide o título da Copa Libertador­es para quebrar uma história ruim no estádio Centenário. O Flamengo, ao contrário, pode sair campeão no local chamado de “templo do futebol mundial” pela segunda vez.

“A gente não estava pronto. O time tinha mudado bastante e havia desfalques. Não jogamos bem naquele dia”, define o histórico meia Ademir da Guia, principal astro palmeirens­e na final da Libertador­es de 1968 contra o Estudiante­s (ARG).

Depois de perder em La Plata e vencer no Pacaembu, o jogo de desempate foi marcado para Montevidéu em 16 de maio daquele ano. Os brasileiro­s foram derrotados por 2 a 0. Foi o primeiro dos quatro títulos continenta­is do clube argentino.

Aquele Estudiante­s, comandado pelo técnico Osvaldo Zubeldía, tinha como maior referência ofensiva Juan Román Verón, pai do meia Juan Sebastián Verón. Carlos Bilardo estava no meio-campo. Como treinador, Bilardo levaria a Argentina ao título mundial de 1986 e ao vice de 1990.

Era uma equipe com um jogo bastante distinto do Palmeiras, por ter uma visão pragmática do futebol. O time alviverde estava na transição da Primeira para a Segunda Academia, dois dos maiores elencos da história da agremiação.

“Diziam até que nosso time jogava com alfinetes para espetar os adversário­s, o que era uma mentira. Aquilo nunca aconteceu”, afirmou Bilardo.

Foi uma final diferente da protagoniz­ada pelo Flamengo, campeão no estádio em 1981. Contra o Cobreloa (CHI), a equipe rubro-negra venceu por 2 a 1 no Maracanã e perdeu por 1 a 0 em Santiago. O desempate foi marcado para o Centenário, e os brasileiro­s foram campeões ao conseguir o triunfopor­2a0.

“Acabou sendo a coroação daquele Flamengo que ganhou tudo. Nosso time era muito melhor que o chileno. Eles apelaram muito para a violência”, lembrase Zico, o nome mais importante daquela decisão. O meia-atacante fez os quatro gols do clube da Gávea nos três jogos.

De 1980 a 1983, a agremiação carioca ainda ganharia três Campeonato­s Brasileiro­s e um Mundial, além da Copa Libertador­es.

Soco vingador

A principal queixa flamenguis­ta era contra o zagueiro chileno Mario Soto. Os jogadores diziam que ele usava um anel afiado para acertar os adversário­s. No estádio Nacional de Santiago, ele abriu a cabeça de Lico e Adílio dessa forma. Nos minutos finais em Montevidéu, com a vantagem no placar e o troféu próximo, aconteceu uma das histórias mais inusitadas do clube rubro-negro: a entrada de Anselmo apenas para dar um soco em Soto.

“Foi uma coisa do [técnico Paulo César] Carpegiani. Ele estava inconforma­do com o que tinha acontecido em Santiago. Eu não aprovei, mas aconteceu”, completa Zico.

Anselmo tirou o rival do jogo, foi expulso e saiu escoltado pela polícia.

Em 1961, o Palmeiras já havia feito um jogo de final da Libertador­es no Centenário. Mas era o primeiro confronto. Perdeu para o Peñarol por 1 a 0. A partida do título aconteceu no Pacaembu, e os uruguaios foram campeões ao empatarem por 1 a 1.

O Verdão cometeu um erro estratégic­o sete anos mais tarde. A Conmebol consultou a diretoria do clube brasileiro quanto ao local do desempate. As alternativ­as eram Santiago e

Montevidéu. Esta última foi escolhida, uma cidade muito mais próxima para a torcida de La Plata do que para os paulistas. Havia muito mais argentinos no estádio.

Quando a decisão de 2019 foi tirada do Chile por causa de protestos populares, a confederaç­ão colocou na mesa algumas alternativ­as. Uma delas era Montevidéu. O Flamengo vetou a ideia e depois seria campeão sobre o River Plate (ARG) em Lima, no Peru. (Folha)

 ?? Acervo UH/Folhapress ?? Mesmo com o craque Ademir da Guia, o Palmeiras levou a pior contra o Estudiante­s em 1968
Acervo UH/Folhapress Mesmo com o craque Ademir da Guia, o Palmeiras levou a pior contra o Estudiante­s em 1968
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Reprodução Zico deitou e rolou nas finais com o chileno Cobreloa na conquista continenta­l do Flamengo em 1981

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