Segunda temporada de ‘Aruanas’ vai mostrar CPI e ativista infiltrada
Nova leva de episódios da série, já disponível no Globoplay, vai abordar assuntos como a poluição do ar
Os novos episódios de “Aruanas” entraram na quinta-feira (25) no catálogo do Globoplay. E o fato de a série ter ficado um ano em espera não foi de todo ruim para os autores, Estela Renner e Marcos Nisti.
“A gente conseguiu revisitar o roteiro”, diz ela. “Teve uma questão da CPI, que, quando escrevemos, a gente tinha um pouco de receio de o público não entender o processo. De repente, uma CPI estava acontecendo durante a pandemia. A gente conseguiu casar mais com essa realidade.” Estela afirma que a sensação para o público pode ser de que a CPI da ficção foi inspirada na realidade, mas garante que ela estava lá desde antes. “A vida imita a arte e a arte imita a vida.”
A primeira temporada, escrita em 2012, fala sobre o desmatamento na Amazônia e acabou chegando para o público no momento em que esse assunto está cada vez mais presente no noticiário. “A gente acertou muito na primeira temporada”, comemora Nisti. “Apesar de achar que não melhoraram em nada as políticas públicas em relação à Amazônia, pelo contrário.”
Na segunda temporada, o pano de fundo será a poluição do ar e a emissão de gases na atmosfera. O tema foi um dos que mais geraram discussões na COP26, que ocorreu de 31 de outubro a 12 de novembro.
Na trama, as ativistas da ONG Aruanas vão investigar um incidente na cidade fictícia de Arapós, comandada pelo prefeito Enzo (Lázaro Ramos), com altas taxas de aprovação. Aos poucos, vão descobrindo que nem tudo é tão tranquilo quanto parece.
Mas os dramas pessoais das protagonistas também continuam dando a tônica dos episódios. Principalmente o rompimento entre Natalie (Débora Falabella) e Verônica (Taís Araujo) após a primeira descobrir que a segunda tinha um caso com o marido dela.
“‘Aruanas’ fala também sobre amizade, e a amizade dessas três também é muito importante na trama”, avalia Falabella. As duas personagens devem, de alguma forma, se resolver. “Eu acredito na redenção dessas personagens, no perdão”, diz a atriz. “Mesmo que o caminho seja longo e complicado, acho que o público vai torcer pela reconciliação das duas, não só por causa da Aruanas, mas porque são duas grandes amigas, quase irmãs, e têm uma relação muito bonita.”
Taís Araujo concorda e revela que as próprias intérpretes ficaram curiosas para saber como as personagens superariam algo tão grave. “A gente pensou muito no que aconteceria com essas duas, a gente perturbava os autores [risos]”, confessa. “Mas demora [a reconcliação], só posso te dizer isso.”
“Acho que o mais legal dessas personagens todas é a humanidade”, avalia a atriz. “Os autores procuram colocar uma coisa errada, o erro humano, em cada personagem. Isso é muito bom dramaturgicamente, é muito rico.”
Que o diga Camila Pitanga, cuja personagem tenta a todo custo atrapalhar os planos das ativistas. “A Olga tem a subjetividade dela, as contradições, o mundo interior dela”, conta. “Ela é uma mulher segura, articulada, calculista, fria, mas por trás há uma mulher muito fragilizada, com fissuras como todos os seres humanos.”
Já a estagiária Clara, vivida por Thainá Duarte, vai viver novas aventuras. Segundo a atriz, o relacionamento abusivo que a personagem viveu na primeira temporada ficou para trás. “Acho que pode ser muito interessante mostrar que a vida pode caminhar e seguir.” Nessa segunda temporada, a personagem ficará infiltrada em Arapós para tentar descobrir informações relevantes sobre o que está ocorrendo por lá.
As protagonistas dizem ter orgulho de participar de um projeto que leva entretenimento com uma mensagem. E dizem não temer serem atingidas por tratarem de um tema que costuma causar polêmica por causa da polarização política que o país vive.
“O desejo que a gente tem é de agregar aos movimentos que já existem, às ONGs, aos ativistas que estão no front”, explica Camila Pitanga. “O público geral às vezes tem o ardor de querer defender o meio ambiente, mas não sabe como entrar, não entende a dinâmica de atuação. O desejo é de fazer essa ponte.”