Cientistas dizem que é preciso ter ação rápida contra ômicron
Para pesquisadora britânica, respostas sobre a gravidade da nova variante ainda devem demorar
Na dúvida sobre a gravidade da nova variante ômicron, “é melhor ‘ir duro, ir cedo e ir rápido’ e pedir desculpas se estiver errado”, afirma uma das principais especialistas em sequenciamento genético e saúde pública, Sharon Peacock, diretora do consórcio de genômica britânico COG-UK e professora de saúde pública e microbiologia da Universidade de Cambridge.
A avaliação foi compartilhada por cientistas britânicos que analisaram os riscos da nova variante de preocupação para a plataforma Science Media Center.
Sharon ressalta que existem muitas questões em aberto, mas as respostas científicas levarão semanas e “há sinais de alerta suficientes para presumir o pior em vez de esperar o melhor, e adotar uma abordagem de precaução”.
Desde a última quarta-feira (24), laboratórios sul-africanos e britânicos trabalham para responder a cinco dúvidas sobre a ômicron: 1) é mais transmissível que variedades já conhecidas?; 2) é capaz de provocar doenças mais graves?; 3) consegue escapar da proteção oferecida pelas vacinas já disponíveis?; 4) tem mais potencial para reinfectar um paciente recuperado e 5) os métodos atuais de diagnóstico são adequados para detectá-la?
Em relação à primeira questão, os números da evolução de Covid-19 no sul da África sugerem que a ômicron seja mais transmissível, “e várias mutações são consistentes com transmissibilidade aumentada”, afirma a especialista.
Ela diz que estão presentes nessa variante mutações que, em outras já conhecidas, foram associadas à evasão imune —ou seja, a uma menor eficácia dos imunizantes ou do sistema de defesa humano.
Em relação à gravidade da doença, uma preocupação é que os tipos de mutação encontrados poderiam indicar que a ômicron surgiu “em alguém que foi infectado, mas não conseguiu eliminar o vírus”. (Folha)