Especialistas buscam explicação para ataques de tubarões em SP
Chuvas constantes, falta de saneamento universal e crescimento de ocupação são hipóteses
Os recentes ataques de tubarões na cidade de Ubatuba, um dos principais destinos do litoral norte paulista, alarmaram os turistas. Por outro lado, a presença dos animais não pegou de surpresa os especialistas.
O motivo é um só: de norte a sul, a costa brasileira é repleta desses animais.
“Existem milhares de tubarões nos Estados Unidos, Portugal e Brasil. Nós simplesmente não os vemos. A verdade é que eles não têm o menor interesse pelas pessoas. Eu diria que esses ataques foram fruto de azar puro”, afirma João Correia, 49, doutor em pesca comercial de tubarões e professor da Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar de Portugal.
O primeiro ataque ocorreu no dia 3, na praia do Lamberto. Um turista francês de 59 anos sofreu cortes na perna enquanto nadava.
Onze dias depois, no dia 14 último, uma idosa de 79 anos foi atacada enquanto se banhava Praia Grande. Quem confirmou se tratar de um tubarão foi o professor Otto Bismarck Gadig, da Unesp (Universidade Estadual Paulista), por meio de um laudo emitido a pedido do Instituto Argonautas.
O que intriga os especialistas é o motivo pelo qual os tubarões podem estar mais próximos da costa. Neste caso, sobram hipóteses e faltam certezas.
Para Hugo Gallo Neto, oceanólogo, presidente do Instituto Argonauta e diretor do Aquário de Ubatuba, questões como o aumento do afluxo de pessoas atraídas pelos novos empreendimentos e, na esteira disso, a ausência de saneamento universal. Outro fator são condições climáticas, já que as águas ficaram turvas devido as chuvas na região.
“São hipóteses. Nenhuma delas pode ser confirmada agora. A única coisa que se pode dizer é que acidentes com tubarões são estatisticamente maiores em função do maior número de pessoas na água”, diz Gadig.