Ana Maria

A fobia social precisa ser tratada o quanto antes

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Não é vergonha nem timidez. A fobia social é um transtorno de ansiedade que atinge cerca de 7% da população. Seu portador sente muito medo e sofre escondido em casa. Basta uma pessoa se aproximar para o temor tomar conta. A saída é se ‘esconder’ em algum cômodo para se sentir seguro e não precisar se relacionar. A apreensão quanto a ser aceito é tão grande que a pessoa evita qualquer contato. Ela não consegue olhar nos olhos de ninguém. Se uma conversa é iniciada, a sensação é de que não terá o que falar. Resumidame­nte: o convívio aterroriza, dá desespero. O receio da rejeição vem associado a outros sintomas de ansiedade, como coração disparado, transpiraç­ão fria, tremor e boca seca. Mesmo o sorriso ‘caprichado’ não é pleno. A adrenalina que corre pelo corpo deixa a musculatur­a rígida, impedindo até mesmo o riso largo. Não à toa a fobia afeta o trabalho, a vida social, sua saúde física e mental. Apesar de não se ter conhecimen­to de suas origens, sabe-se, no entanto, que há uma incidência maior em famílias que apresentam algum portador. O transtorno pode ser biológico e ‘aprendido’. O fóbico pode interpreta­r mal o comportame­nto dos outros em relação a ele e assim desenvolve­r menos habilidade­s sociais, aumentando a inseguranç­a em relação à sua performanc­e. Crianças que nasceram em ambientes ameaçadore­s, sofreram maus-tratos ou são vítimas de bullying são mais suscetívei­s. Por isso, é bom que elas sejam valorizada­s em alguma área importante, especialme­nte ser reconhecid­as por seus colegas de escola – ambiente onde a vivência de aceitação é fundamenta­l. O tratamento depende do diagnóstic­o feito pelo médico, especialme­nte o psiquiatra. Medicament­os podem ser empregados e a terapia ajuda a melhorar a autoestima e treinar as habilidade­s cognitivas e comportame­ntais do indivíduo. Quanto mais cedo for feito o diagnóstic­o, mais eficaz será o tratamento. Fique de olho.

“Crianças que nasceram em ambientes ameaçadore­s, sofreram maus-tratos ou são vítimas de bullying são mais suscetívei­s. Por isso, é bom que elas sejam valorizada­s e especialme­nte reconhecid­as por seus

colegas de escola”

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É psiquiatra com mais de 20 anos de atendiment­o em consultóri­o próprio, além da participaç­ão em grupos de estudo, congressos e projetos sociais. Formado pela USP e membro das associaçõe­s brasileira e americana de psiquiatri­a: ABP e APA.
LUIZ SCOCCA É psiquiatra com mais de 20 anos de atendiment­o em consultóri­o próprio, além da participaç­ão em grupos de estudo, congressos e projetos sociais. Formado pela USP e membro das associaçõe­s brasileira e americana de psiquiatri­a: ABP e APA.

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