Ana Maria

Mais liberdade e MENOS JULGAMENTO

O livro é composto por diversas perguntas que nos fazem pensar sobre a felicidade e como descobrir os caminhos para conquistá-la

- Júlia Arbex

Você gostaria de viver mil anos?

A Folha de S. Paulo publicou uma matéria com o título Após recorde de 122 anos, a tendência é que as pessoas vivam até os 115 anos. O artigo mostrou que os avanços médicos das últimas décadas aumentaram não apenas a expectativ­a de vida, mas também a qualidade de vida.

A antropólog­a Fernanda Rougemont – minha orientanda na graduação, no mestrado e no doutorado – estudou a trajetória de Aubrey de Grey, um cientista inglês que defende que as pessoas poderão viver até os mil anos. Ele pretende criar, nos próximos 20 anos, medicament­os e tratamento­s para reduzir e reparar os danos provocados pelo envelhecim­ento. Conhecido como o profeta da imortalida­de, o pesquisado­r acredita que, com as células-tronco e a terapia gênica, não ficaremos mais frágeis, doentes e dependente­s com o passar do tempo.

Em uma palestra no Brasil, em 2017, Aubrey de Grey disse que grande parte das pessoas que estão vivas hoje nunca serão biologicam­ente velhas. Ele afirmou que os primeiros seres humanos imortais já estariam vivos e andando entre nós. Obviamente, suas afirmações têm provocado debates e críticas ferrenhas entre cientistas que pesquisam o envelhecim­ento.

Aproveitei a discussão para perguntar aos meus pesquisado­s: “Você gostaria de viver mil anos?”. Cerca de 70% respondera­m que não querem viver tanto tempo, como uma jornalista de 62 anos:

“Deus me livre, já chega, não aguento mais. Tenho tantos problemas com filhos, trabalho, família, saúde, dinheiro. Tudo tem limite, um ponto de saturação. As pessoas estão muito chatas, eu também estou muito chata. Se eu chegar aos

80 já está bom demais”.

Um analista de sistemas, de 61 anos, também disse que, se chegar aos 80, “já está no lucro”.

“Meu pai morreu de cirrose alcoólica aos 52 anos. Minha mãe, de câncer no pulmão aos 61. Eu fumo dois maços de cigarro por dia, bebo muito e não faço exercícios. Tenho medo de ficar um velho doente, decrépito e dependente. Só não quero morrer antes de os meus filhos terminarem a faculdade.”

Os 30% restantes disseram que ficariam muito felizes se fosse possível viver mil anos, como uma professora de 73 anos:

“Quero viver o máximo que eu puder. Lógico que tenho momentos de tristeza, problemas de saúde, mas tenho tantos livros para ler, tantos filmes para ver, tantas pessoas queridas ao meu redor que nunca vou sentir tédio ou ficar enjoada da minha vida. Se quiserem transplant­ar o meu cérebro para um corpo jovem eu topo na hora.”

Vale a pena destacar que todos os meus pesquisado­s com mais de 90 anos respondera­m que gostariam de viver mil anos.

Para um pintor de 91 anos, “seria uma maravilha viver mais mil anos”.

“Meu tempo é dividido entre cuidar da minha saúde, pintar e coordenar um projeto de teatro e de música com idosos. No ano que vem, quero me dedicar mais à minha nova namorada. Os meus grupos de idosos me cobram demais, acham que vou parar o trabalho que faço com eles. Eles precisam do meu incentivo e eu não vou parar, no entanto quero ter mais tempo para namorar, sair, passear, viajar. Seria uma maravilha ter tempo para fazer tudo isso e muito mais.”

“Se nós temos uma alma única e imortal, por que eu não iria querer viver mil anos?”, perguntou uma pianista de 91 anos.

“Você gostaria de viver mil anos? Cerca de 70% dos meus pesquisado­s respondera­m que não. Os 30% restantes disseram que ficariam muito felizes se fosse possível viver mil anos”

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Preço: R$ 34,90
Liberdade, Felicidade e Foda-se, de Mirian Goldenberg Editora: Planeta Preço: R$ 34,90

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