Direitos iguais às gestantes da rede pública e privada
Há uma discussão sobre o projeto de lei que determina ao Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil o direito de escolha da paciente que o procura em relação a via de parto. O projeto visa equiparar os direitos de quem busca o sistema público de saúde ou o sistema privado. Ou seja: toda cidadã terá as mesmas condições em relação ao parto. Sabemos das diferenças entre os sistemas. No particular, a mulher conta com um médico que a acompanha desde o prénatal, um anestesista e outros profissionais. No sistema público, normalmente, ela é examinada por um médico plantonista. Se ela tiver sorte, poderá também contar com o serviço de um anestesista de plantão para os casos de cesárea. Dificilmente, a gestante terá analgesia de parto e/ou suporte de profissionais a ela dedicados durante toda a gestação. Uma realidade triste, já que no cenário da saúde pública o volume de pacientes em relação à quantidade de médicos disponíveis torna a missão de um atendimento personalizado praticamente impossível. A realização de cesariana sem a devida avaliação e a certeza absoluta do tempo de gravidez, além de condições médicas sofríveis podem causar danos à mãe e ao bebê. Um pré-natal inadequado, sem informações sobre o histórico da paciente e sua evolução, maternidade sem ambiente esterilizado e material cirúrgico adequado, também elevam os riscos de infecção, hemorragia, por exemplo. Vale dizer que as discussões são feitas baseadas em estudos de países onde há padrões altos de atendimento, sem diferença entre a qualidade oferecida no serviço público ou privado. Por aqui, poucas instituições de ponta se equiparam a esses países. Não mais do que 20% das crianças brasileiras nascem em boas condições. A maior parte ainda carece de atendimento de qualidade. Fica aqui, então, o convite à reflexão: será que esse projeto trará de fato igualdade de direitos ou só irá escancarar ainda mais as mazelas do nosso sistema público de saúde?
“No cenário da saúde pública, o volume de pacientes em relação à quantidade de médicos
disponíveis torna a missão de um atendimento
personalizado praticamente impossível”