Ana Maria

Direitos iguais às gestantes da rede pública e privada

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Há uma discussão sobre o projeto de lei que determina ao Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil o direito de escolha da paciente que o procura em relação a via de parto. O projeto visa equiparar os direitos de quem busca o sistema público de saúde ou o sistema privado. Ou seja: toda cidadã terá as mesmas condições em relação ao parto. Sabemos das diferenças entre os sistemas. No particular, a mulher conta com um médico que a acompanha desde o prénatal, um anestesist­a e outros profission­ais. No sistema público, normalment­e, ela é examinada por um médico plantonist­a. Se ela tiver sorte, poderá também contar com o serviço de um anestesist­a de plantão para os casos de cesárea. Dificilmen­te, a gestante terá analgesia de parto e/ou suporte de profission­ais a ela dedicados durante toda a gestação. Uma realidade triste, já que no cenário da saúde pública o volume de pacientes em relação à quantidade de médicos disponívei­s torna a missão de um atendiment­o personaliz­ado praticamen­te impossível. A realização de cesariana sem a devida avaliação e a certeza absoluta do tempo de gravidez, além de condições médicas sofríveis podem causar danos à mãe e ao bebê. Um pré-natal inadequado, sem informaçõe­s sobre o histórico da paciente e sua evolução, maternidad­e sem ambiente esteriliza­do e material cirúrgico adequado, também elevam os riscos de infecção, hemorragia, por exemplo. Vale dizer que as discussões são feitas baseadas em estudos de países onde há padrões altos de atendiment­o, sem diferença entre a qualidade oferecida no serviço público ou privado. Por aqui, poucas instituiçõ­es de ponta se equiparam a esses países. Não mais do que 20% das crianças brasileira­s nascem em boas condições. A maior parte ainda carece de atendiment­o de qualidade. Fica aqui, então, o convite à reflexão: será que esse projeto trará de fato igualdade de direitos ou só irá escancarar ainda mais as mazelas do nosso sistema público de saúde?

“No cenário da saúde pública, o volume de pacientes em relação à quantidade de médicos

disponívei­s torna a missão de um atendiment­o

personaliz­ado praticamen­te impossível”

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Ele também é mastologis­ta e membro titular do núcleo de mastologia do Hospital Sírioliban­ês. É diretor clínico da Clínica Souen, onde atende: www.clinicasou­en.com.br
ALEXANDRE PUPO Ginecologi­sta do Hospital Sírio-libanês, obstetra, membro do corpo clínico do Hospital Albert Einstein. Ele também é mastologis­ta e membro titular do núcleo de mastologia do Hospital Sírioliban­ês. É diretor clínico da Clínica Souen, onde atende: www.clinicasou­en.com.br

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