Queria ter a IDADE de hoje e a MATURIDADE dos 18
Eu sei que a frase usual não é essa. Mas sabem o que seria uma pessoa com a bagagem dos 50 em um corpo de 18? Um adolescente chato. Porque a experiência acumulada com os anos não cabe em um corpo jovem. A responsabilidade, que chega comumente com a idade, não teria me permitido sair de quarta a domingo, dormir três horas e passar metade das aulas cochilando atrás dos óculos escuros. “Você lutou tanto para entrar na faculdade”, imporia a tal maturidade. E eu não descobriria, na prática, que tequila, vinho e cerveja não combinam. Não andaria com a amiga bagaceira, que era má companhia e, sem ela, não fabricaria memórias que me fazem gargalhar até hoje. Não me apaixonaria por pessoas erradas e, por conta disso, nunca encontraria as certas.
Com pouca idade não se pensa tanto e se avança sem olhar para os lados. E não era o corpo mais leve que te movia, mas sua consciência que não pesava um grão de areia.
“Em meia hora passamos para te buscar. Vamos para a praia. Joga qualquer coisa na mochila.” E, em
meia hora, você tinha promovido a terceira guerra mundial no seu quarto, jurado seu irmão de morte pela mala estragada, pedido a emancipação para sua mãe e lavado a franja porque não dava para ensaboar o cabelo todo. E ia. E esquecia o biquíni, mas levava sapatos para três semanas. E dava tudo certo, mesmo dando errado. O excesso de planejamento engessa. Projetar consequências faz a gente estacionar e, com o tempo, a roda fica quadrada e não se vai mais a lugar algum. É preciso arrastar pela vida um pouco daquela inconsequência da pouca idade para nossa trajetória não se resumir a um parágrafo na conversa pelo Whatsapp, quando aquele amigo de infância pergunta o que você tem feito: “Ah, eu me formei. E arranjei um emprego bacana. Depois casei. E tive os gêmeos. E cuido dos gêmeos porque eles precisam crescer saudáveis para viver até mais ou menos os 18 anos, quando se tornarão adultos responsáveis e cheios de maturidade”.
Projetar consequências faz a gente estacionar e, com o tempo, a roda fica quadrada e não se vai mais a lugar algum. É preciso arrastar pela vida um pouco daquela inconsequência da pouca idade...