Novas oportunidades
Na obra, o autor fala sobre o desaparecimento do mundo como o conhecemos, evidenciando a chegada do novo
“Até que veio o iphone. E nossa vida nunca mais foi a mesma. A forma de se comunicar, trabalhar, namorar, pesquisar e comprar mudou completamente”
Sem levar em conta as previsões catastróficas, as crenças e o debate sobre se vai ter fim do mundo ou não, uma coisa não podemos negar: o mundo que conhecemos quando nascemos acabou. Perdeu o sentido. Caiu. Outro dia fiz uma lista das “coisas” que eram mais importantes na minha infância/adolescência. Telefone, fotografia, música, escola, família... Acabou/mudou/transformou-se. Com elas se foi o mundo (pois essas coisas nunca estão isoladas, elas se conectam e integram o todo).
Virou clichê dizer que o mundo mudou (por isso prefiro dizer que ele já acabou), pois hoje tudo muda tão exponencialmente mais rápido (para extremos) acima de qualquer margem de comparação. Ray Kurzweil, um dos maiores futuristas da atualidade, diz que os próximos cem anos trarão um impacto de inovação equivalente aos últimos 20 mil anos. Mesmo assim, ainda vivemos como se estivéssemos no velho mundo. Há luta (interna e externa) e choque de realidade por todos os lados. Uma nova economia engasgada, em trabalho de parto, e negócios surgindo em meio a essa transição com novos valores, mas sendo obrigados a se encaixar em antigos padrões (é o exemplo do Uber e do Airbnb).
Recentemente, participamos de uma grande revolução digital. Ela tirou a hegemonia do poder das organizações e da mídia e o colocou novamente nas mãos, nos dedos de todos. Graças à nossa estimada rede mundial de computadores, as pessoas voltaram a ter o controle e a ser o centro e o foco de tudo. A rede espalhou conhecimento, disseminou informações e deu a chance de as pessoas se expressarem (publicarem), se conectarem entre si. Mudou o funcionamento tanto doméstico quanto profissional de todas as coisas. Mudou o nosso modelo mental de pensamento.
Pense no telefone. Passei minha adolescência disputando com minha irmã o aparelho de casa – enquanto meu pai disputava com meus tios quem ficaria com a linha herdada pela minha avó. Isso porque telefone valia e gastava dinheiro. Valia vender para ajudar na entrada do apartamento próprio. E todo fim de mês era uma briga pelo valor da conta. Mobilidade era um fio grande que andava pela casa. E celular era luxo.
Até que veio o iphone. E nossa vida nunca mais foi a mesma. A forma de se comunicar, trabalhar, namorar, pesquisar, comprar (e tudo mais que você puder pensar) mudou completamente. Antes, para ter um “negócio” era preciso uma sede, funcionários, equipamentos, enquanto hoje basta ter um iphone e vários negócios se viabilizam. Depois disso, tudo foi caindo em cascata.
A internet clareou a noção sobre a teoria da complexidade (já falada há muito tempo, desde Aristóteles). Hoje começamos a entender (e permitir) novas formas de organização, cada vez mais sofisticadas, cada vez mais ricas em autonomia e informações. A rede encerra o modelo de centralização, no qual todas as coisas (o poder, a informação, a produção, o dinheiro...) partiam de um único ponto, e põe em seu lugar infinitas novas possibilidades.
Os modelos de educação criados no fim do século XVIII e que continuam até hoje não fazem mais sentido. Prova é que no Brasil há um terço de evasão de todos que entram para as escolas e faculdades. Já é flagrante que estamos preparando pessoas de forma errada, no tempo errado, para empregos errados – que em breve deixarão de existir.
Os formatos de trabalho também deixaram de fazer sentido.
Viva o Fim: Almanaque de um Novo Mundo, de André Carvalhal Editora: Paralela Preço: R$ 49