Ana Maria

Dona do seu NARIZ

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Como assim? Você não ia operar o nariz?”. Entre todos os foras que dei na vida, talvez esse tenha sido o mais emblemátic­o. Conversava com uma amiga, que acabava de sair entusiasma­da de uma consulta com o cirurgião plástico. Tinha certeza de que ela havia procurado o profission­al para operar o nariz porque suas proporções – digamos – eram avantajada­s. Mas essa certeza estava baseada somente na minha visão sobre o que estava errado nela.

A pergunta desastrada surgiu após a moça afirmar que colocaria próteses de silicone. “Meu nariz não me incomoda. É uma caracterís­tica de família. Não sei de onde você tirou isso”, respondeu minha vítima, com cara de poucos amigos. Na verdade, eu sabia bem de onde havia tirado aquilo, mas também sabia que queria me atirar em um poço para não encarar aquele constrangi­mento. E era verdade: ela nunca tinha reclamado do nariz.

A situação me ensinou uma lição valiosa: nem sempre o que nos causa estranheza em nosso corpo é unânime e, outras vezes, o que alguém nos aponta como defeito, tiramos de letra. E é nossa opinião que deve prevalecer. Podemos mudar o que é passível de ser corrigido/melhorado – desde que as condições para isso sejam lícitas e estejam ao alcance –, mas apenas no caso de estarmos convictos de que aquela mudança promoverá um tratado de paz com a gente mesmo.

A injeção de autoestima que vem com uma dieta, uma cirurgia plástica ou até um novo corte de cabelo pode valer mais do que muito remédio ou terapia. É como começar um autonamoro, investindo em um relacionam­ento que precisa ser duradouro, primar pela fidelidade e não aceitar pitaco de ninguém. A construção de uma autoimagem positiva é a base de conquistas que transcende­m a aparência: pontapé inicial para um empoderame­nto sustentáve­l, responsáve­l por nos levar adiante. Sobre minha amiga? Ah, ela está desfilando os peitos novos por aí, convicta de que fez o que precisava fazer por si mesma. E sim: continua dona do seu nariz.

A injeção de autoestima que vem com uma dieta, uma cirurgia plástica ou até um novo corte de cabelo pode valer mais do que muito remédio ou terapia. É como começar um autonamoro...

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Enevnievsi­euasus apseprgeur­gnutanstap­sapra rtahwiagal­orveiiesir­paeploeleo-me-amilaainl anmaamriar@iam@amisaleisi­lteoirt.ocor.mco.mbr.br WAL REIS é jornalista, profission­al de comunicaçã­o corporativ­a e escreve sobre comportame­nto e coisas da vida.

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