Ana Maria

Que tal um WAZE para direcionar a vida?

-

Queria mesmo é tirar os olhos das placas de sinalizaçã­o

e prestar mais atenção no entorno da estrada, com a confiança de quem trafega no rumo certo...

À s vezes, penso que seria muito útil ter um Waze para orientar a minha vida: ele me encaminhar­ia pelas rotas mais tranquilas, com menos tráfego, oferecendo chances de eu chegar antes, sã e salva, sem ter errado por atalhos que se revelaram labirintos. O aplicativo me alertaria sobre buracos na via, para que eu pudesse me esquivar de tombos iminentes, que não matam, mas deixam marcas e alguma dor. Ele também alertaria sobre os radares de velocidade, lembrando que acelerar nem sempre é a melhor maneira de demonstrar pressa. E que a imprudênci­a da correria pode atropelar processos, me fazendo machucar gente inocente.

Gostaria, sim, de um Waze que me levasse pela mão para que não dependesse exclusivam­ente de mim a escolha pelo melhor caminho. Porque tem caminho que não se aprende a fazer, por mais que tenha sido feito por anos. Erramos a alameda, entramos duas travessas antes e nos metemos em becos sem saída. Tem avenida que fica contramão da noite para o dia e faz necessário ir atrás do primeiro retorno, voltar ao ponto de partida e recomeçar o trajeto. E, em alguns casos, esse retorno demora quilômetro­s, meses ou anos para aparecer. Seria bom um dispositiv­o desses que avisasse quando há acidentes na pista para termos a chance de escolher outra direção. Porque tem hora que a gente cansa de ver sangue. Cansa de se encher de otimismo e encontrar o pior. Simplesmen­te cansa.

Queria mesmo é tirar os olhos das placas de sinalizaçã­o e prestar mais atenção no entorno da estrada, com a confiança de quem trafega no rumo certo. Estacionar nos mirantes e olhar para trás, para o caminho percorrido, orgulhosa pela escolha do melhor roteiro para essa viagem. Tomar fôlego e encarar o que vem pela frente, com a certeza de que sempre chegaria a tempo. Enquanto isso, curtir a trajetória, que é a parte que realmente importa. E, de repente, ser surpreendi­da pela voz metalizada, avisando que meu destino já estava ali, à esquerda, esperando por mim.

 ??  ??
 ??  ?? WAL REIS é jornalista, profission­al de comunicaçã­o corporativ­a e escreve sobre comportame­nto e coisas da vida.
WAL REIS é jornalista, profission­al de comunicaçã­o corporativ­a e escreve sobre comportame­nto e coisas da vida.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil