Romance de folhetim!
Aline Galeote convida os noveleiros de plantão a se aventurarem nesta obra que retrata o século 19. Promessa de uma Vida conta a história de um amor impossível entre Damian Montrose e Victoria Ashfield
Endireitou os ombros
e seguiu pela rua, recordando o caminho que o cocheiro fizera. Afastou do pensamento os tipos de perigo que uma dama poderia enfrentar nas perigosas ruas de Londres. Contava apenas consigo mesma para sair da desagradável situação. Não permitiria ser tomada pelo pânico. De alguma forma conseguiu chegar a uma rua mais iluminada que a anterior. Ouviu ao longe risadas masculinas e o som de conversas animadas. Continuou avançando até parar em uma esquina.
Pressentiu o perigo antes que tivesse tempo para reagir. Uma mão forte a agarrou pelo braço e a deteve. – Está perdida?
Victoria sentiu como disparava seu coração ao depararse com um homem que parecia ter o dobro de sua altura. – Não, senhor – respondeu com um tom de voz que julgava ser calmo e apaziguador ao mesmo tempo que tentou se desvencilhar de seu aperto. – Se puder soltar-me para que retorne meu caminho...
– Creio que desfrutará da minha companhia se formos adiante – o estranho falou, apertando-lhe o braço com mais força e unindo o corpo ao seu. O homem percorreu seu rosto com uma mão áspera e repugnante. Não usava luvas.
— Não irei acompanhá-lo. – Victoria puxou o braço com força, mas o estranho a agarrou com brutalidade, prendendo-a ao seu corpo. – Ordeno que me solte, senhor.
O conhecimento de que estava à sua mercê deixou-a paralisada pelo medo. Não havia outra alternativa a não ser resignar-se com seu destino. No final, imploraria por sua misericórdia. Precisava acreditar que não seria tão cruel a ponto de silenciá-la quando estivesse satisfeito.
Uma lágrima escorreu por sua face enquanto o homem a beijava e a apalpava em lugares cada vez mais indecentes. Permaneceu imóvel enquanto o estranho aproveitava-se de seu corpo. As mãos de seu algoz apertaram seus seios com força. As lágrimas de desespero se transformaram em lágrimas de dor.
Quanto mais suportaria?
De súbito, Victoria sentiu o corpo que a aprisionava se afastar com brusquidão. Ouviu um baque e o som seco de madeira partindo. Abriu os olhos cautelosamente enquanto seu coração retumbava no peito a um ritmo acelerado. Seu agressor estava caído no chão, rodeado por caixas de madeira que haviam sido danificadas em sua queda. Um segundo homem erguia-se sobre ele com as mãos em punhos, esperando que levantasse. – Levante-se, monte de trapo. – Ouviu sua voz e pensou reconhecê-la, mas não deu crédito a seus ouvidos. Deveria estar tão aturdida que começara a devanear. – Vamos ver como se sai ao lidar com alguém do seu tamanho.
O agressor levantou-se de forma débil e tentou acertar um soco em seu oponente, que era imensamente mais ágil. Esquivou-se com facilidade e o acertou em cheio no abdômen. Victoria reprimiu um grito quando seu salvador desferiu novo golpe, desta vez acertando o maxilar do outro. Com um murro certeiro, levou-o ao chão novamente.
– Pensará duas vezes antes de atacar uma mulher. Damian cutucou o outro com o pé. Não se moveu. Um monte de lixo. Estivera ansioso para descarregar sua energia em alguém e a oportunidade se apresentara como caída do céu. Retornava para a casa a pé, depois de dispensar sua carruagem, quando notara a estranha movimentação no beco. Precisava clarear os pensamentos. Sepultar a tia fora uma das coisas mais difíceis que fizera na vida. Se lembrou da garota.
“Era o horário para ver e ser visto. Veículos grandiosos e luxuosos disputavam a atenção com as damas trajadas na última moda enquanto os pomposos dândis se acotovelavam em seus cavalos”