Prato na mira
Tudo o que você precisa saber para não perder o controle sobre a alimentação das crianças quando não estiver por perto
Segundo a Federação Mundial de Obesidade, o número de crianças e adolescentes acima do peso deve saltar dos atuais 220 milhões para 268 milhões até 2025. Cerca de 28 milhões delas terão hipertensão e 39 milhões estarão com gordura no fígado. Sabe o diabetes tipo 2, problema conhecido por acometer os mais velhos? Estima-se que 4 milhões de crianças sofrerão com a doença neste futuro tão próximo! Os dados alarmantes chamam a atenção para a importância de controlar a alimentação infantil. Porém, quando a criança ganha um pouco mais de independência, não conseguimos acompanhar a rotina alimentar delas tão de perto quanto gostaríamos. Mas há dicas que podem nos ajudar a fiscalizar mesmo de longe o que os nossos filhos levam ao prato. Quem vai ajudar nessa missão é a pediatra Aline Menezes (@dra.alinemenezespediatra), de São Paulo.
BEBÊS COM HORÁRIOS FLEXÍVEIS
Na amamentação, livre demanda. Após a introdução alimentar, flexibilidade de horários. Ou seja, o almoço não precisa ser ao meio-dia em ponto (nem todos os dias no mesmo horário). “Hoje não se prescreve mais um modelo alimentar certinho, com o número de refeições que a criança precisa fazer. Tudo depende da aceitação individual, até que ela seja capaz de se adaptar a almoçar, jantar e comer frutas ao longo do dia”, explica Aline. Começar uma rotina nova, como ir à escola, vai influenciar na hora de dormir, no apetite e na disposição. Uma criança com sono, por exemplo, não vai querer comer. Por isso, a vovó ou a cuidadora deve ser bem orientada. “É preciso ter sensibilidade e flexibilidade, além de não brigar se a criança não raspar o prato”, orienta Aline.
MUITA CONVERSA – E TECNOLOGIA!
Defina as regras alimentares com o pediatra e passe-as para a pessoa responsável por dar comida à criança. Sem isso, ela não tem como adivinhar o que você deseja. “Precisa haver diálogo entre a cuidadora e os pais”, explica. Vale usar a tecnologia a seu favor. Peça, por exemplo, para enviarem vídeos da criança comendo, pergunte o que tem achado, se está difícil. Essa atitude ajuda a enxergar melhor a rotina.
NADA DE LANCHES ENTRE AS REFEIÇÕES
Para comer, a criança precisa estar com fome. Se beliscar toda hora, a rotina alimentar pode não acontecer como você deseja. “Lanches no meio da manhã e tarde podem atrapalhar na aceitação do almoço e jantar”, avisa a pediatra. Essa orientação precisa ser passada à cuidadora.
SÓ COMPRE O QUE APROVA
Para os maiores não caírem em tentação, evite ter doces, biscoitos ou industrializados em casa. Para Aline, a mensagem é clara: se você tem disponível e a criança tem autonomia para pegar, ela vai pegar. A saída: tenha frutas picadas na geladeira, castanhas e até mesmo um bolo integral. “Frutas fáceis de carregar, como maçã e banana, também são uma boa pedida, melhor do que barra de cereais, por exemplo”, diz.
CONHEÇA O CARDÁPIO DA CRECHE OU ESCOLA
Converse com os professores para saber se seu filho comeu em todas as refeições, o que ele rejeitou e porquê. “É fundamental conhecer como acontecem as refeições para ver se a equipe está bem amparada para oferecer o melhor, como é o cardápio, a preparação e como os tutores lidam com a não aceitação”, explica.
PROGRAME COMPRAS SEMANAIS
Você precisa saber o que tem em sua geladeira, pois é isso que a cuidadora vai preparar. Melhor ainda se você fizer uma programação semanal, já com o cardápio a ser oferecido. “No começo, demanda tempo, mas uma vez que é organizado, vira rotina”, conta Aline. Para bebês, essa programação pode incluir também como a comida será oferecida: amassada, em pedaço, com a mão, talher e o que dar (ou não!) nos intervalos das refeições.
ROTINA GOSTOSA ÀS REFEIÇÕES
A hora de comer precisa ser associada a um momento social, agradável, de preferência com conversa entre a família. Os filhos maiores podem ajudar no preparo e a arrumar a mesa. Se não puder sentar à mesa sempre com a criança, peça para o cuidador fazer isso e até se alimentar com ela.
EXEMPLO É TUDO!
A criança aprenderá com o exemplo. Por isso, alinhe tudo com a avó, babá ou tutores da escolinha: se há vegetais no prato dos pequenos, eles também devem aparecer no prato da cuidadora. O mesmo vale para os doces: a Sociedade Brasileira de Pediatria sugere que as crianças não provem açúcar até os 2 anos de vida. Após essa idade, vale a regra de não deixar disponível ou permitir apenas algumas vezes na semana. A regra precisa valer também para os pais e cuidadores.