Ana Maria

Quando o AMOR sai à francesa

-

Os sinais são sutis e aparecem aos poucos. Vão se acomodando tão devagar que é normal não notarmos nos primeiros tempos. Mas quando nos damos conta, o amor já escapou pela janela. Porque amor é um bichinho meio difícil de se adaptar.

Ele gosta de começos, de conquistas e declaraçõe­s. Gosta um pouco de altos e baixos, de meia-luz e meias-palavras. É louco por novidades e vai ficando meio adoentado quando tem que se conformar com a calmaria de uma rotina. Com a gaiola. A gente nem faz por mal, mas é tanta conta para pagar, tanto assunto roubando nossa atenção, filhos e coisa e tal, que já fazemos do amor favas contadas. Está lá no currículo: fiz faculdade, comprei uma casa e me apaixonei. E vamos levando a vida, achando que tudo bem se não há mais beijo de boa noite, se esquecemos a marca de chocolate preferido ou não reparamos num olhar triste, que lacrimeja meio sem explicação. É quando o ronco do outro já não parece mais uma canção de ninar, quando você percebe que ouviu o discurso inteiro assentindo com a cabeça, mas não escutou uma palavra porque estava tentando ver a novela, ou quando sobram críticas e rareiam os elogios, que vamos ganhando a certeza de que o amor já não mora mais ali. Ele pegou a estrada e levou na bagagem a admiração, o respeito e a vontade de compartilh­ar. Na maioria das vezes, não volta mais: dificilmen­te o amor revisita os mesmos corações, a menos que tenha deixado por lá alguma semente. Às vezes, ele sai à francesa, sem muito alarde. Não tem briga, discussão e nem uma terceira pessoa para ser declarada culpada. Também não há apenas uma vítima, mas duas. Igualmente negligente­s e negligenci­adas. Justamente a falta dessa materialid­ade que confunde a gente. E vamos travestind­o o desamor com companheir­ismo, com respeito, com “é assim mesmo”. Fingindo acreditar que amor é sentimento que vai ficando domesticad­o com o passar dos anos, quando, na verdade, ele já tomou outro rumo e só deixou saudade.

E vamos levando a vida, achando que tudo bem se não há mais beijo de boa noite, se esquecemos a marca de chocolate preferido ou não reparamos num olhar triste, que lacrimeja meio sem explicação

 ??  ??
 ??  ?? Enevnievsi­euasus apseprgeur­gnutanstap­sapra rtahwiagal­orveiiesir­paeploeleo-me-amilaainl anmaamriar@iam@amisaleisi­lteoirt.ocor.mco.mbr.br
WAL REIS é jornalista e profission­al de comunicaçã­o corporativ­a. Escreve sobre comportame­nto e coisas da vida: www. walreisemo­utraspalav­ras. com.br/blog/
Enevnievsi­euasus apseprgeur­gnutanstap­sapra rtahwiagal­orveiiesir­paeploeleo-me-amilaainl anmaamriar@iam@amisaleisi­lteoirt.ocor.mco.mbr.br WAL REIS é jornalista e profission­al de comunicaçã­o corporativ­a. Escreve sobre comportame­nto e coisas da vida: www. walreisemo­utraspalav­ras. com.br/blog/

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil