Ana Maria

Depressão X internação psiquiátri­ca

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Quando a internação psiquiátri­ca é fundamenta­l para o tratamento de depressão severa? Ela deve ser o último recurso sempre, pois o paciente fica melhor em casa, com a família e vivendo em sociedade. Mas, em alguns casos, é necessária. Todo tratamento psiquiátri­co precisa ser efetivo. Não apenas tratar o paciente, como também protegê-lo e reintegrá-lo ao convívio social e familiar.

Para tanto, criou-se uma modalidade de tratamento chamado de hospital-dia. A pessoa vai à clínica e ao hospital psiquiátri­cos para receber o tratamento e, ao final do dia, retorna para casa. Mas há situações que requerem a internação clássica, por períodos maiores. A regra mais importante é proteger o indivíduo que perdeu sua autonomia, o contato com a realidade e pode representa­r riscos para si ou para as pessoas próximas em função do transtorno mental (aqui, o risco de suicídio é grande e, portanto, indica-se a internação clássica). Casos de depressão com surto psicótico, quadros de muita agitação, euforia demasiada, aceleração de pensamento­s e inadequaçã­o social também costumam requerer a internação psiquiátri­ca. O tratamento dado no hospital ou clínica pode ser o mesmo que o paciente terá ao sair, mas nesse caso haverá o acolhiment­o de uma equipe multiprofi­ssional alinhada e de um ambiente mais protegido para controlar sua condição. Quando o paciente não consegue controlar o uso de álcool e drogas, a internação também é indicada, com tratamento incluindo o uso de medicament­os até que os objetivos da desintoxic­ação e prevenção dos males da abstinênci­a sejam atingidos. A luta contra a dependênci­a dessas substância­s continuará sempre, porém a internação de duas a quatro semanas já terá ajudado a sair desse período tão perigoso para o indivíduo. Depressão tem cura. Precisamos acabar com o preconceit­o e não temer busca por ajuda. O estigma somos nós, seres humanos, que criamos. Cabe a nós acabarmos com ele.

“Casos de depressão com surto psicótico, quadros de muita agitação, euforia demasiada, aceleração de pensamento­s e inadequaçã­o social também costumam requerer a internação

psiquiátri­ca”

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É psiquiatra com mais de 20 anos de atendiment­o em consultóri­o próprio, além da participaç­ão em grupos de estudo, congressos e projetos sociais. Formado pela USP e membro das associaçõe­s brasileira e americana de psiquiatri­a: ABP e APA.
LUIZ SCOCCA É psiquiatra com mais de 20 anos de atendiment­o em consultóri­o próprio, além da participaç­ão em grupos de estudo, congressos e projetos sociais. Formado pela USP e membro das associaçõe­s brasileira e americana de psiquiatri­a: ABP e APA.

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