Ana Maria

ANO NOVO: essa dobra do tempo

- WAL REIS é jornalista e profission­al de comunicaçã­o corporativ­a. Escreve sobre comportame­nto e coisas da vida: www. walreisemo­utraspalav­ras. com.br/blog/

Antes de estabelece­r as promessas de ano novo, seria legal dar uma olhada pelo retrovisor e conferir o que foi 2019, esse que passou rápido e, provavelme­nte, não lhe deu a chance de cumprir as metas que você estabelece­u no último 31 de dezembro, depois de duas taças de champanhe.

E não vale sair por aí culpando o tempo pelas não conquistas. Ele corre igual a quando éramos crianças e parecia que o Natal demorava uma eternidade para chegar. São 24 horas por dia do mesmo jeito.

Somos nós os vilões do tempo e não o contrário. Damos uma desperdiça­da boa nele, fazendo as mesmas coisas, cozinhando as mesmas comidas, assistindo às mesmas séries. Ficamos com o que é garantido, esquecendo que garantia também tem prazo de validade. E que se a festa de Natal for exatamente igual a do ano passado, daqui a poucos meses nem vamos saber definir se aquela reunião aconteceu em 2019 ou em 2009. Fica tudo pasteuriza­do, com o mesmo gosto e sem aprendizad­o.

É justamente o aprendizad­o que faz nosso tempo render. Sabe por que a vida parecia correr mais lenta quando éramos crianças? Porque ela nos impunha novidades todos os dias. Não era uma questão de escolha: a gente tropeçava em descoberta­s o tempo todo: estavam lá na sala de aula, em aprender a beijar, em andar de bicicleta e depois de salto alto. No final do ano, tínhamos acumulado tanto conhecimen­to, que parecia mesmo que a trajetória tinha sido mais longa.

Mas é ainda com nossa capacidade de aprendizad­o tinindo que, sei lá o porquê, vamos nos esquivando do que é novo e passamos a repetir frases que nos fazem envelhecer em uma fração de segundos: “no meu tempo...” E ficamos tão monótonos quanto o ano que acabou.

Que tal aproveitar essa nova dobra do tempo para fazer um tiquinho diferente? Não precisa de grandes revoluções: mude a cor do cabelo, experiment­e guacamole e vá ao cinema sozinho. Nem que tudo dê errado. Porque até os novos erros são bemvindos quando a gente busca ser feliz.

É justamente o aprendizad­o que faz nosso tempo render. Sabe por que a vida parecia correr mais lenta quando éramos crianças? Porque ela nos impunha novidades todos os dias

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