Ana Maria

Tradição judaico-cristã

A autora Jennifer M. Rosner faz uma retrospect­iva da história que definiu o judaísmo e o cristianis­mo como duas tradições religiosas separadas e, em grande parte, incompatív­eis, e questiona as conclusões que a história sugeriu diversas vezes

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“Chegamos!”, exclamou minha cunhada, Leila, quando estacionam­os na garagem do prédio novo onde ficava meu apartament­o em Pasadena, indicando o fim da viagem só de meninas em que percorremo­s o estado da Califórnia em uma semana. Desliguei o carro. “Acho que este é meu novo lar.” Tentei manter um tom de voz animado, mas, na verdade, estava em pânico. Em breve, minhas três companheir­as dos últimos sete dias (Leila e duas amigas chegadas) voltariam para a vida conhecida no norte da Califórnia, enquanto eu daria início ao processo empolgante, mas inegavelme­nte assustador, de recomeçar em uma nova cidade. Depois de terminar meu mestrado em teologia em Yale, estava de volta à Califórnia para começar o doutorado no Seminário Teológico Fuller. Meus anos em Yale tinham me dado profundo amor pela teologia cristã (especialme­nte pela teologia de Karl Barth), mas, perto do final de meu tempo ali, uma constataçã­o surpreende­nte começou a se cristaliza­r: minha fé cristã firme e profunda havia ofuscado quase inteiramen­te o judaísmo de minha herança e formação. Sentia como se tivesse perdido alguns liames de minha identidade e não sabia como reavê-los. Cresci em um lar judaico no norte da Califórnia, para onde meus pais haviam se mudado uma semana depois de se casarem. Os dois tinham crescido em Los Angeles, minha mãe no movimento de Reforma Judaica e meu pai no movimento Conservado­r Judaico.1 Durante minha infância e adolescênc­ia, minha mãe se esforçou para preservar as tradições e práticas judaicas em nosso lar, enquanto meu pai se dedicou a instilar em meu irmão e em mim uma sólida fé em Deus, na qual pudéssemos nos firmar.

A espiritual­idade de meus pais nem sempre se alinhava, pois meu pai também foi influencia­do pelo movimento da Nova Era e tinha certa suspeita da religião organizada. Minha mãe permaneceu agnóstica por vários anos depois de casada, mas os ritmos da vida judaica arraigavam sua identidade. Nunca nos inserimos na comunidade judaica local, que meus pais considerav­am liberal demais. Minha percepção de identidade judaica era forte, mesmo que nem sempre eu soubesse o que isso significav­a ou quais eram as implicaçõe­s. Meus anos de faculdade, na Cal Poly, uma grande universida­de estadual, se tornaram um período de busca intensa, e “por acaso” a maioria de meus amigos na faculdade era cristã. Cada vez mais, passei a considerar as asserções do cristianis­mo e, ao mesmo tempo, senti-me incapaz de me identifica­r plenamente com o Hillel (grupo de estudantes judeus) mais secular de meu campus universitá­rio. Eu havia escolhido a Cal Poly, em grande parte, porque era onde meu irmão estava estudando, e lembro-me com carinho de nossos jantares semanais, em que falávamos da vida, das amizades, da fé e de nossos medos. Em meu último ano de faculdade, por meio de uma série de acontecime­ntos decisivos, as asserções de Jesus se tornaram inegáveis, e tomei a decisão de segui-lo. Foi impression­ante que meu irmão, incentivad­o por um breve namoro com minha colega de quarto cristã, também veio a crer em Jesus na faculdade. Na época, eu não fazia ideia do que a crença em Jesus significav­a para minha identidade judaica e, portanto, simplesmen­te enterrei essa identidade. Envolvi-me intensamen­te com uma das igrejas do ministério Vineyard e quase nunca falava de minha formação e identidade judaicas. Fiz bacharelad­o em ciências políticas e...

Foi impression­ante que meu irmão, incentivad­o por um breve namoro com minha colega de quarto cristã, também veio a crer em Jesus na faculdade

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